8 Pedagogia Investigativa Enquanto Proposta de Aprender
A pedagogia investigativa ou de projetos faz parte da concepção do ensino renovado, propõe ao educando não só buscar informações, mas adquirir habilidades, mudar comportamento, ver as coisas diferentes, construindo conhecimento de forma prazerosa e transformadora, devendo esta substituir a tradicional, que não oportunizara o educando a pesquisar e criar conceitos. “A pedagogia da pergunta deve substituir a pedagogia das certezas, dos saberes pré-pensados, das verdades definitivas’(FREIRE 1992)”.
Esta metodologia oportuniza a superação de práticas habituais bem como torna o ensino mais dinâmico e diversificado.
Martins (2001, p, 24) esclarece que nesta pedagogia investigativa toda ação ou atividade realizada dentro desta concepção de escola, deve ser esperada resultados:
Que sejam respostas ás indagações que os alunos costumam formular sobre o tema. Que causem o surgimento de novas idéias e novos conhecimentos sobre os fatos e façam surgir à discussão e a reflexão sobre as conclusões ou resultados obtidos. Que tragam outra visão das coisas e dos fatos, diferente da do senso comum.
Estes resultados representam o trabalho com projetos investigativo que traz em seu bojo o aprender pela pesquisa, observando, construindo hipóteses e buscando soluções para os problemas da atual sociedade.
A pedagogia de projetos trabalhada por algumas escolas de certa forma representa o inicio de uma nova fase na prática educativa, onde através de temas geradores a escola pode interdisciplinar todas as disciplinas ou áreas de conhecimento.
Demo (1992) demonstra sua preocupação em relação ao destino da escola, quando afirma “Enquanto o mundo lá fora, sobretudo a economia, luta para acompanhar o ritmo das mudanças, a escola parece uma trincheira tombada, fora de espaço e de tempo”
Significa dizer que a escola deve adeguar-se a realidade atual, onde as informações são repassadas em fração de segundos, diante de um universo globalizado. Neste sentido Demo (1992, p.34) reafirma a importância de mudanças emergenciais no sistema de ensino para que:
1-. A escola deixe de ser apenas a tradicional repassadora e cobradora de conteúdos para se tornar centro de aprendizagem significativa desses mesmos conteúdos. 2 - O professor abandone a função de mero informador de conhecimento para se tornar o condutor do aprender a aprender. 3 - O tradicional método livresco não seja tão valorizado e se implante a dinâmica de trabalho investigativo com reflexão-descoberta-reflexao.
Aos poucos, esse método investigativo vai sendo difundido no âmbito educacional, onde partindo do trabalho sistemático com eixos temáticos ou motivos temáticos, os conteúdos curriculares vão tomando forma numa visão de interdisciplinaridade, dentro de um enfoque investigativo numa proposta moderna e progressista.
Apesar dos avanços na área educacional com a inserção do trabalho com a Pedagogia de Projetos, notam-se ainda algumas preocupações por parte dos educadores, como: - “Não sei fazer projetos de pesquisa que me pedem”, “Não sei nem por onde começar a monografia que devo apresentar”, “Nunca me ensinaram a praticar a metodologia para elaborar e realizar uma pesquisa acadêmica, um relatório de estudo”. Inquietações estas que de certa forma retratam a ineficiência ou pouca eficiência na aprendizagem praticada no Ensino Fundamental e Médio, onde dão pouca ênfase ao trabalho de investigação.
A proposta de aprender pela pesquisa a partir das séries iniciais foi adaptada à metodologia da Pedagogia de Projetos a outro enfoque e direcioná-la para que os projetos orientados pelos métodos da ciência sejam realizados como preparação de futuros cientistas.
O conhecimento surge no homem quando ele começa a se relacionar com o mundo, ou seja, desde o seu nascimento, quando entra em contato com as coisas que o cercam, assimilando-as e aos poucos podendo falar delas. Cada objeto ou situações vividas por ele transforma-se num estímulo mental, que poderá sofrer variações de acordo com a relação que mantém com o objeto ou situação. Esse relacionamento do homem com o mundo consegue mesmo, ou com o transcendental, denomina-se conhecimento, isto é ciência, pois é ele que faz o homem saber, ter consciências das coisas. Os latinos chamaram-no scientia, de origem scire, que significa saber, conhecer.
O conceito do que seja ciência diferencia-se entre os estudiosos, visto que pode ser compreendida empiricamente ou cientificamente. Na concepção de Tonnard. (1953, p.95)”A ciência é o conhecimento das coisas humanas generalizadas e sistematizadas, principalmente em vista prática”. A ciência é o conhecimento certo e evidente pela sua causa. Nota-se neste conceito que a ciência está ligada a veracidade e comprovação dos fatos, devendo sua busca acontecerem rigorosamente sistematizadas.
Nesta mesma linha compreensão reafirma Paixão (1977, p.37)”Ciência, em sentido comum, é sinônimo de conhecimento. Reserva-se, entretanto, o nome de ciência para o conhecimento verdadeiro e complexo, o saber pelas causas, o saber para demonstração”...
Entretanto o conceito de. (Ruiz 1977, p.128) é mais abrangente, contemplando visões empíricas e cientificas visto que o ser humano é capaz de adquirir e repassar conhecimento.
A palavra Ciência pode assumir duas acepções: em sentido amplo Ciência significa simplesmente conhecimento e, em sentido restrito Ciência significa um conhecimento que não só apreende ou registra os fatos, mas também os demonstra pelas suas causas determinantes ou constitutivas.
Nestes conceitos percebem-se algumas semelhanças nas idéias quando definem ciência como algo exato, construído a partir da observação, pesquisa e comprovação dos fatos.
Portanto o conhecimento é constituído pelas imagens que o homem adquire das coisas e de sua assimilação, é conhecer apropriar-se do objeto de estudo, tomar consciência dele, construir a imagem dele na mente, ter noção dele de maneira superficial ou profunda. Porém o que se percebe que o homem também é capaz de construir conhecimento, isto é, criar, inovar de forma inteligente.
Martins (2001, p. 59) afirma:
O homem parte de verdades conhecidas acerca de realidades existentes, posiciona-se criticamente diante delas, reavalia-as, elabora-as, indaga-as, inclusive sua própria existência, e dessa operação produz os saberes – os conhecimentos.
Deste modo o homem por ser um animal racional, dotado de inteligência e emoção, ao longo de sua existência sempre observou os fenômenos naturais, e desta observação nasce à indagação, o questionamento que é a fonte geradora do conhecimento cientifico, objeto da ciência. Porém em relação ao conhecimento o homem pode ter duas atitudes: uma de recebedor de conhecimentos; outro como produtor de conhecimento e desta escolha será caracterizado a sua personalidade diante dos saberes.
Martins (2001, p. 60) apresenta três funções que o homem desempenha ao longo da sua vida:
Função perceptiva: realiza-se pelos sentidos, quando o homem recebe, desde os primeiros momentos de sua existência[...]. Por meio desta função sensorial, ele capta informações que lhe dão conhecimento das coisas. Função elaborativa, criadora ou de assimilação: É durante a elaboração que a mente se transforma num caldeirão efervescente, quando associa, ordena, relaciona, interpreta, critica e avalia todas as informações acumuladas, transformando-as e selecionando-as para gerar algo novo.. Função expressiva: Nesse processo de metamorfose das informações, sua capacidade criativa entra em ação para concretizar o que tem na mente, em formas de expressão ou linguagens[...].
Percebe-se que as funções que o homem passa em toda a sua vida, representam de certa forma as fases da sua vida, onde envolve maturação, emoção e desenvolvimento cognitivo, onde a forma como é conduzida sua aprendizagem o ajudará a desenvolver com desenvoltura todas as funções. Entretanto para desenvolver sua criatividade, ou seja, seu potencial criativo o homem pode usar dois caminhos: um assistemático, intuitivo, chamado senso comum, e outro sistemático, organizado ou dos métodos científicos.
Há diversas formas de se conhecer os fatos, ou seja, apropriar-se de uma realidade, ás vezes o homem pode buscar de forma superficial ou com mais profundidade.
Martins (2001, p. 61) explica que de acordo com os modelos epistemológicos ou as formas tradicionais de conhecimento são:
1 – Conhecimento empírico ou popular é o saber espontâneo, superficial, que baseia suas explicações na experiência e nas coisas da vida diária, no senso comum. 2 - Conhecimento intelectual – seja cientifico ou filosófico diferentemente do senso comum, procura a razão de ser das coisas, as causas dos fatos, nem que para isso precise romper, por vezes, com os modelos já aceitos e consagrados. Este conhecimento fundamenta-se em princípios gerais válidos para todos os fatos para comprovar, suas verdades, usando procedimentos de investigação e experimentação que se firmaram desde os tempos de Galileu, por isso são conhecidos como métodos científicos.
Essa distinção que Martins faz entre os conhecimentos é importante porque demonstra que o conhecimento pode ser visto de ângulos diferentes, dependendo da condição do homem em relação à aquisição de novos saberes. Sobre o conhecimento Piaget (1976) afirma que o conhecimento não deriva diretamente de fatores perceptivos, mas sim da atividade do individuo como um todo (atividade sensório-motora, atividade operatória) sobre os objetos e conhecimento percebidos. Entretanto, só se considera ciência o conhecimento organizado e sistematizado, que tenha como norte, não apenas os fatos, mas o estudo das causas utilizado método científicos corretos.
Destaca-se também o conhecimento filosófico que de certa forma difere dos demais pelo método de investigação, persevera na busca da verdade, sem levar em conta, emoções ou devaneios, está sempre voltado para realidade não perceptível pelos sentidos, tem como meta ultrapassar as experiências concretas e chegar à outra ordem, a racional. Sobre o conhecimento filosófico afirma Brito (1999 p.23): “O estudo filosófico caracteriza-se pela intenção de ampliar a compreensão da realidade e apreendê-la na sua inteireza na busca de abranger todas as outras” Através do conhecimento filosófico o homem pode questionar sua realidade, procurando razões para acontecimentos, não só no campo cientifico.
Com base nestas definições, compreende-se que o homem na busca incessante do conhecimento lança mãos de diversas formas de olhar e perceber os fatos que o cercam. Outro conhecimento determinante para o indivíduo é o Conhecimento Teológico que está diretamente ligado á luz da fé mediante a aceitação da revelação humana.
Freire (1996) sobre o homem e o conhecimento reafirma:
Ao ser produzido, o conhecimento novo supera o outro que antes foi novo e se fez velho e se dispõe a ser ultrapassado por outro amanhã. Daí que seja tão fundamental conhecer o conhecimento existente quanto saber que estamos abertos e aptos á produção de conhecimento ainda não existente.
Entende-se que o ato criador humano é um processo constante e transformador, incessante, ressaltando ainda que na busca deste conhecimento o indivíduo possa utilizar alguns métodos que variam de acordo com sua percepção humana de mundo e explicação dos fenômenos.
Texto extraído da Tese de Mestrado da Professora Msc: Cleres Carvalho do Nascimento Silva. (FORMAÇÃO DE DISCENTES PESQUISADORES NA EDUCAÇÃO INFANTIL E ENSINO FUNDAMENTAL DA ESCOLA MUNICIPALIZADA LEÔNCIO PIRES DOURADO)
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