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domingo, 1 de agosto de 2010

ARTIGO CIENTIFICO - A INCLUSÃO DA INICIACAO A PESQUISA CIENTÍFICA NO CURRÍCULO DE ENSINO DAESCOLA MUNICIPAL LEÔNCIO PIRES DOURADO

RESUMO

A educação é fator primordial para o desenvolvimento de uma nação, é nas Instituições de Ensino, onde se percebe na prática o que foi construindo ou pensado pela sociedade. Sendo esta norteada pelo Currículo de Ensino. O presente artigo cuja temática “A Inclusão da Iniciação a Pesquisa Científica no Currículo de Ensino da Escola Municipal Leôncio Pires Dourado” aborda as trilhas percorridas por esta, para Inclusão de Projetos Investigativos no seu Currículo de Ensino, tendo como fundamentação teorica os Parâmetros Curriculares Nacional.

Palavras Chaves: Educação – Currículo de Ensino – Projetos Investigativos – Iniciação a pesquisa cientifica – Parâmetros Curriculares.

ABSTRAT

A educação é fator primordial para o desenvolvimento de uma nação, é nas Instituições de Ensino, onde se percebe na prática o que foi construindo ou pensado pela sociedade. Sendo esta norteada pelo Currículo de Ensino. O presente artigo cuja temática “A Inclusão da Iniciação a Pesquisa Científica no Currículo de Ensino da Escola Municipal Leôncio Pires Dourado” aborda as trilhas percorridas por esta, para Inclusão de Projetos Investigativos no seu Currículo de Ensino, tendo como fundamentação teorica os Parâmetros Curriculares Nacional.




1 INTRODUÇÃO

Quando se fala em educação vislumbra-se de imediato a imagem de um prédio, dividido em salas de aulas, atendendo alunos de varias faixas etárias, professores ensinando, objetivando formar indivíduos para atender a sociedade. Mas o que passa despercebido pela maioria das pessoas, até mesmo de educadores é o que há por traz de toda essa organização, que defini o horário de entrada e saída, a carga horária de cada disciplina, a forma da escola de conceber a aprendizagem onde estão embutidos os métodos, técnicas, e as formas de avaliação.
O presente artigo científico aborda o papel do Currículo de Ensino, em cada época pedagógica vivenciada na educação brasileira. Aborda ainda as varias concepções do currículo, e a importância dos Parâmetros Curriculares Nacionais – Pcns, na mudança da pratica educativa da Escola Leôncio Pires Dourado.
Além dessas abordagens, descrevem-se as etapas didáticas utilizadas por esta Escola, em busca de uma escola ativa onde o aprender fosse significativo e prazeroso, que culminou com a Introdução da Iniciação á Pesquisa Científica no Currículo de Ensino desta Unidade de Ensino Público Municipal.

2 CONCEITUANDO CURRÍCULO

Há inúmeras conceituações: literal etimológico, pedagógico, legal. Literal etimológico do latim “curriculum” e do grego “Kurrikulu” = ato de correr, jornada, continuidade.
Por volta de 1865, o termo currículo significava: uma pista de corrida em curso geral. E em 1955 aparece como: um conjunto de curso ensinado numa instituição.
Pedagógico – na concepção tradicionalista era praticamente sinônimo de ciclo didático, programas de ensino, disposição de disciplina em quadro com suas respectivas cargas horárias.(plano de estudo ou grade curricular).
Currículo é tudo o que acontece na vida de uma criança, na vida de seus pais e de seus professores. Tudo o que cerca o aluno, em todas as horas do dia, constitui matéria para currículo, isto é currículo é o ambiente em ação.
O termo currículo é encontrado em registros do século XVII, sempre relacionado a um projeto de controle do ensino e da aprendizagem, ou seja, da atividade prática da escola. Desde os seus primórdios, currículo envolvia uma associação entre o conceito de ordem e método, caracterizando-se como um instrumento facilitador da administração escolar. A história do currículo se confunde com história da escola.
Os elementos constantes nas construções de currículo são: Objetivos processos ensino-aprendizagem; instituição e pessoal. De forma ampla ou restrita o currículo escolar abrange as atividades desenvolvidas dentro da escola.
Legal – É a totalidade das experiências de aprendizagem planejadas e patrocinadas pela escola.
De acordo com a lei 9.394/96, Art. 26 – os currículos do ensino fundamental e médio devem ter uma base nacional comum a ser complementada em cada sistema de ensino e estabelecimento escolar, por uma parte diversificada, exigida pelas características regionais e locais da sociedade, da cultura, da economia e da clientela.
Quando elaboramos um curriculum vitae, explicita nossa carreira da vida, ou seja, nosso percurso de vida.
Pedra (1997) conceitua currículo como a representação da cultura no cotidiano escolar, o modo pelo qual se selecionam, classificam, distribuem e avaliam conhecimentos no espaço das instituições escolares.
Porém, Sacristán (1989) explica que o currículo é a ligação entre a cultura e a sociedade exterior à escola e à educação; entre o conhecimento e cultura herdados e a aprendizagem dos alunos, entre a teoria (idéias, suposições e aspirações) e a prática possível, dadas determinadas condições.
Percebe-se que a definição do que vem a ser currículo, varia de acordo com cada época vivenciada pela sociedade no setor educacional, ou seja, escola tradicional, currículo tradicional e conseqüentemente o seu conceito representarão todo o emarenado que envolve a organização educacional.

2.1 Níveis de currículo

→Currículo formal: é estabelecido pelo sistema de ensino ou instituição escolar. E chamado de currículo legal expresso em diretrizes curriculares, objetivos e conteúdos das aéreas ou disciplinas de estudo. É um conjunto de diretrizes normativas prescritas institucionalmente.(por exemplo: Parâmetros Curriculares Nacionais).
→Currículo real: acontece na sala de aula em decorrência de um projeto pedagógico e dos planos de ensino. Libâneo (2004, p.172) explica:
É a execução de um plano, é a efetivação do que foi planejado, mesmo que nesse caminho do planejar e do executar aconteçam mudanças, intervenção da própria experiência dos professores, decorrentes dos seus valores, crenças, significados. É currículo que sai da prática dos professores, da percepção e do uso que os professores fazem do currículo formal, assim como o que fica na percepção dos alunos.

Visto que, assim como educando o educador, traz consigo toda sua herança cultural que eventualmente serão demonstradas na sua atuação em sala de aula.
→Currículo oculto: São as influencias que de certa forma afetam a aprendizagem dos alunos e o trabalho dos professores que tem origem no meio social e vivenciados na própria escola. Libâneo (2004, p.172) descreve: “O currículo está oculto porque ele não é prescrito, não aparece no planejamento, embora se constitua como importante fator de aprendizagem”.
Percebe-se, portanto que os níveis do currículo se entrelaçam na prática dos docentes em sala, partem do que é normalizado pelo governo, em seguida pelo o que é elaborado e planejado na instituição de ensino e posto em prática no dia-a-dia do ambiente escolar, onde acontece à junção do currículo formal com os currículos real e oculto.

2.2 Concepções de organização curricular

Como se verá mais adiante uma pequena síntese abordando a organização curricular que de certa forma concretizam as intenções pedagógicas vivenciadas pela sociedade em cada etapa evolutiva.
→Currículo tradicional: é caracterizado pela organização do conhecimento por disciplinas, tem um caráter livresco e verbalista, o ensino é transmissivo e reprodutor, centrado no professor e na matéria.
Sobre o enfoque tradicional comenta Libâneo (2004 p.174):

O professor é o detentor da autoridade intelectual e moral (mesmo que não as tenha), o aluno um receptor de conhecimentos. O currículo é reduzido a um conjunto de disciplinas e de conteúdos a serem passados aos alunos, organizados numa grade curricular.

→Currículo racional-tecnológico (tecnicista): sua característica central é, que este é previamente prescritos por especialista, partindo de critérios científicos e técnicos, que irão contemplar os interesse do mercado na sociedade. A escola tem a função apenas de ensinar, sem preocupa-se com e por que ensinar. Em termos metodológicos referem-se à introdução no ambiente escolar dos aparatos tecnológicos, que atualmente é a informática e a mídia que precisarão para ser utilizado como instrumentos de aprendizagem de técnicas mais refinadas de transmissão. Como resume Libâneo (2004 p.175): “Diferentemente do cunho acadêmico do currículo tradicional, o currículo racional-tecnológico se firma na racionalidade técnica e instrumental, visando a desenvolver habilidades e destrezas para formar o técnico”.
→Currículo escolanovista (ou progressivista): Dá ênfase nas necessidades e interesse dos alunos, na atividade, no ritmo de cada um. O professor é o facilitador da aprendizagem e os conteúdos são retirados das experiências dos alunos. Este modelo de currículo está embasado nas idéias de John Dewey, que compreende a educação como um processo interno de desenvolvimento, de adequação ao meio, os conteúdos escolares não são colocados como verdades absolutas, valoriza-se a atividade de pesquisa do aluno, levando em conta o clima psicológico e social da sala de aula.
→Currículo construtivista: Está diretamente ligado as idéias de Jean Piaget e seus seguidores, tendo como ponto chave a crença no papel ativo do sujeito no processo de aprendizagem e, portanto, no desenvolvimento dos processos de aprendizagem ativa, daí organiza-se o currículo. O professor atua como facilitador da aprendizagem. De certa forma as idéias do Psicólogo Russo Vigotsky, também tem papel importante no currículo construtivista, visto que a maior parte dos educadores que trabalham com essa idéia são conhecidos como sociointeracionista, por que destacam o papel do meio, valorizando a cultura de todos para que ocorra o desenvolvimento cognitivo e social dos alunos.
No que diz respeito à função do currículo construtivista relata Libâneo (2004 p.177):
Uma das principais diferenças entre os vários construtivismos diz respeito ao papel da cultura, dos conhecimentos anteriores e do professor, o que remete, em última instancia ao papel do ensino na aprendizagem.

Ao organizar um currículo construtivista, deve-se levar em conta as etapas de desenvolvimento citadas por Piaget, que subsidiaram a escolha e sistematização dos conteúdos a ser trabalhado em cada série.
→Currículo sociocrítico (ou histórico-social): Nesta abordagem existem várias correntes, que algumas vezes divergem entre si, sendo que algumas valorizam as questões políticas no processo da formação, enquanto que outras colocam a relação pedagógica como mediadora na formação política. Na educação, precisamente na ação didática da escola objetiva desenvolver a capacidade do educando de aprender de forma ética e crítica. Prioriza-se a formação cidadã onde o educando está inserido na sociedade como ser ativo, capaz de transformar a sua realidade social. Neste olhar destaca Libâneo (2004 p.178):

Algumas correntes da abordagem crítica defendem um tipo de currículo mais informal, centrado na valorização de elementos causais, fortuitos, da convivência social na escola, minimizando ou até recusando um currículo formal.

Refletindo sobre esta idéia, sem os conceitos, a teoria e os conteúdos culturais sistematizado, ou seja, sem termos um norte denominado currículo e programas, os alunos dificilmente farão analises da realidade e não serão aptos a formular estratégias para sua atuação.
→Currículo integrado ou globalizado: Este currículo tem como percussores os autores espanhóis (Torres Santomé, Hernandez, entre outros), destacando a importância da interdisciplinaridade. As idéias que norteiam este modelo curricular são: buscar a integração de conhecimento e experiências que facilitem uma compreensão mais reflexiva e critica da realidade, como também ressaltar, ao lado dos conteúdos culturais, o domínio dos processos necessários ao acesso aos conhecimentos e, simultaneamente, a compreensão de como produzem, se elaboram e se transformam esses conhecimentos, ou seja, o aprender a aprender (Torres Santomé, 1989). Resumindo na prática este modelo de currículo, envolve várias práticas educativas que possam ajudar no processo de ensino-aprendizagem, a escola é um local de reconstrução do conhecimento, utilizado o método de projetos. A esse respeito Libâneo (2004, p.180) enfoca:

Com essa orientação, pretende-se que, no currículo em ação, se preste atenção a tudo o que acontece na escola, nas aulas, inclusive naquilo que não foi previsto pelos professores, no currículo oculto, nas várias experiências de aprendizagem tipo biblioteca, visitas, vídeos, laboratórios. Incorpora-se também neste modelo, o valor da atividade do próprio sujeito na aprendizagem, a ligação dos conteúdos culturais com a realidade, a vivencia cultural dos alunos, a seleção de experiências de aprendizagem verdadeiramente interessantes, a importância dos processos mentais na aprendizagem (observação, comunicação, análise, síntese, classificação, tomada de decisões, comparação, etc), a interdisciplinaridade.

Desta forma o educador deve utilizar todos os lugares da escola, como também todos os momentos para desenvolver a ação de educar.
→ Currículo como produção cultural:os autores que defendem este modelo de currículo, vêem a escola como uma reprodutora do poder político, critica também a forma como são construídos os saberes escolares, sempre com um olhar analisador a cerca da sistematização dos conteúdos do currículo, que na concepção deles, privilegiam a classe burguesa, deixando de fora a classe dos oprimidos. Neste panorama, na esfera da escola e do currículo, deve-se acolher a diversidade, das diferenças, á diversificação da cultura escolar. Sobre a concepção deste modelo de currículo esclarece Libâneo (2004 p.183):

Além disso, não fica suficientemente esclarecida nessa proposta a forma pela qual os professores transformam as análises dos fundamentos sociais e culturais do currículo em práticas de sala de aula nas suas matérias. Eu sei que os professores precisam compreender as formas pelas quais o conhecimento escolar se constitui e em que grau as relações sociais na sala estão impregnadas de relações de poder. Mas, daí, como se realiza o trabalho efetivo de ensino? Qual é a contribuição desses autores sobre as condições de provimento de melhores situações de aprendizagem, de recursos eficazes de promoção de aprendizagens mais sólidas e duradouras pelos alunos.

Esta citação de Libâneo, de certa forma se adequar à inquietação de alguns educadores, visto que não adianta romper com poder, no que tange a confecção do currículo nacional, e sim demonstrar meios para que o aluno possa construir seu conhecimento de forma critica e reflexiva, sem no entanto acumular déficit de conteúdos.

2.3 Tipos de currículo

Os tipos de currículo estão diretamente ligados às concepções e a visão de alguns teóricos sobre o que é ensino, qual o verdadeiro papel da educação em épocas distintas de modos e costumes vividas pela sociedade, ou seja, a sistematização do currículo tem como pano de fundo, as crenças, os anseios de um povo, que são colocados em prática na escola, envolvendo os métodos e as técnicas a serem utilizados para a transmissão de conhecimento de geração para geração.
→Currículos fechados: É caracterizado por disciplinas isoladas, inscrito numa grade curricular, os objetivos e os conteúdos são determinados, a escola não tem autonomia para tomar decisões, apenas seguem o que foi prescrito no currículo, não é levado em conta os saberes e competências dos profissionais da educação.
→Currículos abertos: Tem como norte a interdisciplinaridade, que é um dos elementos utilizados pela escola, para favorecer a integração da aprendizagens e os saberes que serão úteis ao educando para lidar com questões e problemas da realidade. Todos os segmentos da escola, têm vez e voz na definição dos temas geradores a ser desenvolvido, tem mais flexibilidade no que diz respeito aos conteúdo, estes podem ser organizado por aéreas de conheci-mento.
Sobre o resultado prático da interdisciplinaridade explica Libâneo (2004 p.185):
É o estabelecimento de ligações de complementaridade entre as matérias escolares, de modo que os conhecimentos, procedimentos, atitudes sejam integrados na estrutura mental do aluno. Alguns princípios que norteiam a interdisciplinaridade são: Ter como referencia o sujeito que aprende e sua relação com o saber; Suscitar e garantir processos integradores e apropriação de saberes enquanto produtos cognitivos dos alunos; Estabelecer ligações entre teoria e prática; Estabelecer ligações entre os pontos de vista distintos acerca de um objeto de conhecimento; Fazer o caminho entre a especialização disciplinar e a integração interdisciplinar e vice-versa.


Deste modo, o currículo fechado, representa as idéias da abordagem curricular tradicional, tecnicista, enquanto que o currículo aberto representa o movimento por uma escola nova, onde se notam fragmentos de currículos ligados às idéias de psicólogos, sociólogos, antropólogos, como o currículo construtivista, sociocrítico, integrado ou globalizado, currículo como produção cultural, que são permeados de idéias sociais e de renovação pedagógica, que foram responsáveis, não só pela mudança da compreensão do ato de aprender, mas de grandes reformas educacionais, como a implantação da nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação- lDB, que norteiam todo os caminhos a serem percorridos no Brasil no âmbito educacional.

3 O PAPEL DOS PARÂMETROS CURRICULARES NACIONAL

Atualmente a escola é considerada autônoma, podendo planejar e desenvolver ações educacionais inerentes a sua realidade, visto que cada escola tem sua própria cultura. Mas para que esta ação exista, tem quer ter subsídios teóricos e legais que as sustentem dando-lhes credibilidade.
Os Parâmetros Curriculares Nacional foram formulados pela Secretaria de Educação Fundamental do Ministerio de Educação e Cultura - MEC, como o objetivo de orientar o currículo em âmbito nacional, visando com isto uma educação de qualidade, onde todos os segmentos da sociedade possam se envolver. Em domínio estadual ou municipal deverão dispor de uma proposta curricular que servira para normalizar as instituições de ensino.
Libâneo (2004, p.198) menciona a o papel dos PCNs na organização curricular:

Os Pcns são, pois uma referencia, um ponto de partida, para que se possam articular objetivos e conteúdos com a cultura das escolas e das salas de aulas envolvendo tudo o que um documento geral como esse não pode e não deve prever: a diversidade regional, as decisões do professor, a dinâmica das interações em sala de aula, o currículo oculto, a adequação aos local de conteúdos, o significado social dos conteúdos, as práticas de avaliação, os desenvolvimentos metodológicos.

Obviamente que os Pcns são guias, que oferecem situações novas de orientações pedagógicas e curriculares que subsidiaram os professores nesta nova proposta educacional nacional, que são resultados de movimentos de teóricos e educadores por uma educação mais humana e para todos sem distinção de raças, credos ou condição financeira.

3.1 Os PCNs e a organização curricular

Os parâmetros curriculares nacional definem a sistematização do currículo nacional, tendo em vista as aéreas e disciplinas especificas dentro de um todo, além de organizar a escolaridade por ciclos. Como diz o documento:

A concepção da área evidencia a natureza dos conteúdos tratados, definindo claramente o corpo de conhecimentos e objeto de aprendizagem, favorecendo aos alunos a construção de representações sobre o que estudam. Essa caracterização da área é importante também para que os professores possam se situar dentro de um conjunto definido e conceitualizado de conhecimentos que pretendam que seus alunos aprendam, condição necessária para proceder a encaminhamentos que auxiliem as aprendizagens com sucesso.

Fica difícil de imaginar uma escola, que seja autônoma em todos os sentidos, que possa fazer seu próprio currículo, pois causaria prejuízos aos educandos ao transferir-se para outra instituição, portanto um norte sistematizado pelo governo federal torna-se imprescindível para uma melhor organização em termos gerais, desde que possibilitem as escolas inserirem no mesmo sua cultura.
Neste sentido os PCNs, dispõem dos temas transversais que se referem às questões cotidianas dos educandos, podendo a escola desenvolver projetos interdisciplinares, cujo tema girará em torno de um único eixo.
De acordo com os PCNs, os temas transversais são assim definidos:

Um conjunto de temas que aparecem transversalizados nas áreas definidas, isto é, permeando a concepção, os objetivos, os conteúdos e as orientações didáticas de cada área, no decorrer de toda a escolaridade obrigatória. (Brasil, 1998, p.52)

Portanto, através da interdisciplinaridade a escola poderá de certa forma introduzir o currículo oculto, como também os problemas sociais atuais, dentro do currículo oficial, com isso acrescentando algo mais ao ato de aprender, que se tornará criativo e ético.

3.2 Os PCNs e o ensino fundamental

O Plano Decenal de Educação, a luz da constituição de 1998, afirma a necessidade e a obrigação do Estado em sistematizar parâmetros, no campo curricular, para orientar os Ensino Fundamental, objetivando uma melhoria nas escolas brasileiras.
A Lei Federal n 9.394, de 20/12/96 inclusa na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, determina como competência da União estabelece, em colaboração com Estados, Distrito Federal e Municípios, diretrizes norteadora dos currículos e seus conteúdos mínimos, de modo a assegurar uma formação básica comum.
O objetivo principal dos Parâmetros Curriculares é contribui para a construção da unidade, garantido o respeito à diversidade cultural da nação.
De acordo com os Parâmetros Curriculares Nacionais (1998 p.50):

Assim é importante que haja parâmetros a partir dos quais o sistema educacional do país esteja organizado, a fim de garantir que, para além das diversidades culturais, regionais, étnicas, religiosas e políticas que atravessam uma sociedade múltipla e complexa, estejam também garantidos os principio democráticos que definem a cidadania.

Deste modo, estes referenciais além de normalizar o ensino no país, dar oportunidade aos Estados e Municípios de formularem seus próprios currículos, valorizando suas crenças, costumes, obedecendo apenas no que diz respeito às áreas comum.
Os Parâmetros Curriculares Nacional apresentam diretrizes gerais para a organização dos currículos do ensino fundamental e médio:
→Devem abranger, obrigatoriamente, o estudo da Língua Portuguesa e da Matemática, o conhecimento do mundo físico e natural e da realidade social e política, especialmente do Brasil;
→o ensino da arte constituirá componente curricular obrigatório, nos diversos níveis da educação básica, de forma a promover o desenvolvimento cultural dos alunos;
→a Educação Física, integrada á proposta pedagógica da escola é componente curricular da educação básica, ajustando-se às faixas etárias e às condições da população escolar, sendo facultativa nos cursos noturnos.
→o ensino da História do Brasil levará em conta as contribuições das diferentes culturas e etnias para a formação do povo brasileiro, especialmente das matrizes indígena, africana e européia;
→na parte diversificada do currículo será incluído obrigatoriamente, a partir da 5◦ série, o ensino de pelo menos uma língua estrangeira moderna, cuja escolha ficará a cargo da comunidade escolar, dentro das possibilidades da instituição.
As áreas de conhecimento são importantes para o desenvolvimento psicossocial do educando, pois não abrangem apenas conteúdos, mas possibilitam aprender através de estudos sobre o cotidiano.
A concepção de ensino e aprendizagem representa uma nova pedagogia, onde o conhecimento não é algo construído fora do contexto, e tampouco individualmente, e sim alicerçado por uma construção em grupo e dentro da realidade. A abordagem construtivista reafirma a importância do educador como facilitador e orientador da aprendizagem e o educando como construtor do seu conhecimento. A aprendizagem a ser construída nas escolas devem ser significativas, estabelecendo relações entre os conteúdos escolares e os conhecimentos construídos.

4 A INICIAÇÃO A PESQUISA CIENTÍFICA NO ENSINO FUNDAMENTAL E O CURRÍCULO

Em relação à introdução a pesquisa cientifica no ensino fundamental, não tem nada explícito que possa normalizar esta prática a nível nacional, estadual ou municipal. A escola Municipal Leôncio Pires Dourado é normalizada pelo Conselho Municipal de Educação, que segue as diretrizes do currículo nacional. O mesmo determina apenas os conteúdos, metodologia, avaliação a serem seguidas pelas escolas públicas municipais, dando ênfase ao construtivismo, dando autonomia às escolas de organizarem seus Projeto Político Pedagógico – P.P.P., que nortearam as ações em todos os campos (pedagógico, financeiro, administra-tivo) das instituições de ensino.
A proposta de trabalho com pesquisa cientifica no ensino fundamental está embasada nos princípios da educação divulgados pela Unesco:
 .Aprender a conhecer;
 .Aprender a fazer;
 .Aprender a viver com os outros;
 .Aprender a ser.
Está também apoiada no artigo 32, incisos I a IV, da Lei de Diretrizes e Bases, que reforçam o direito constitucional do aluno em relação à sua formação básica, para que, como cidadão:
 .Possa desenvolver a capacidade de aprender;
 .Possa compreender o ambiente natural e social onde vive;
 .Possa desenvolver sua capacidade de aprendizagem;
 .Possa fortalecer os laços de solidariedade e de relações interpessoais.

Esta nova metodologia de construção e reconstrução do conhecimento tem como suporte teórico às idéias de Hernández que detalha a organização de projetos como estratégias de aprendizagem, Demo 1993; 1998a, (1998b) e Bagno (1999).
Pedro Demo (1998,p 2) afirma, categoricamente:
a pesquisa na escola é uma maneira de educar e uma estratégia que facilita a educação (...) e a consideramos uma necessidade da cidadania moderna. (...) Educar pela pesquisa é um enfoque propedêutico, ligado ao desafio de construir a capacidade de reconstruir, na educação básica e superior...(...) É um desafio voltado para considerar a pesquisa como maneira de educar.

Ele considera a pesquisa indispensável para a formação do educando, pois a mesma é a fonte do conhecimento, é a forma de reconstruir o conhecimento, manter a inovação como um processo permanente, para ser a base do saber pensar.
Para Perini (1996, p.31) “o estudante brasileiro é tipicamente diferente, submisso á autoridade acadêmica, convencido de que a verdade se encontra, pronta e acabada, nos livros e na cabeça das autoridades”. O que deixa bem claro que os estudantes são resultados de um ensino sem pesquisa.

5 A INTRODUÇÃO DA PESQUISA CIENTIFICA NO CURRÍCULO DE ENSINO DA ESCOLA MUNICIPAL LEÔNCIO PIRES DOURADO

A idéia da implantação da Iniciação á pesquisa científica nesta Escola teve origem há dois anos, sendo que realizamos a I Amostra de Ciências, com esta metodologia em novembro de 2007 onde foram apresentados a comunidade 28 projetos científicos desenvolvidos pelos alunos da educação infantil, ensino fundamental e educação de jovens e adultos envolvendo problemas inerentes a escola e a cidade de Imperatriz-ma. Porém toda essa inovação no nosso fazer pedagógico, requer um detalhamento mais preciso:
1-Construção do Projeto Político Pedagógico, com a participação dos segmentos da escola, onde foi defendidas a proposta de se trabalhar com a Pedagogia de Projetos.
2- Sistematização do planejamento, partindo de um eixo temático e um tema gerador. Idéia esta apoiada nos Parâmetros Curriculares Nacionais, que propõem que as escolas construam “um currículo baseado no domínio de competência e não no acúmulo de informações”, enfatizando ainda que “o que se ensina deve ter vínculo com os diversos contextos da vida do aluno”. Deste modo então a escola deve conectar o que se ensinam a problemas, fatos reais, permitindo ao educando realizar-se como cidadão.
3 – Capacitação dos docentes sobre pesquisa cientifica.
Nas primeiras experiências com este trabalho, foi orientado aos educadores e educandos a realizar estudos relacionados como os temas transversais propostos pelos PCNs, como saúde, ética, cidadania, pluralidade cultural, sexualidade, relações interpessoais. Esta orientação deu-se pela experiência desta Escola em trabalhar com eixo temático que é ligado aos temas transversais e um tema gerador retirado de problemas ou datas importantes para a comunidade.
Esta ação pedagógica está moldada no projeto político pedagógico e na visão filosófica, que foram fomentados nos seguintes questionamentos: que tipo de homem querem formar, que tipo de sociedade querem ajudar a construir?.
O ponto chave da implantação desta proposta partiu de um planejamento organizado e participativo, onde todas as disciplinas cruzam-se entre si, transformando unidades de ensino em pequenos projetos interdisciplinar, cujos temas ou assuntos serão escolhidas pelos educadores da realidade vivida pelos alunos ou de interesse deles, ou podem ser retirados de conteúdos previsto para o mês ou bimestre. Segundo Turra (1975) “Planejamento é um conjunto de ações coordenadas entre si, que concorrem para a obtenção de um certo resultado desejado”. Este conceito retrata de certa forma o ponto chave da implantação desta metodologia que revolucionou o espaço escolar.
Martins (2007, p.49) reforça que qualquer escola que deseja implantar a proposta do trabalho com pesquisa científica no ensino fundamental deve objetivar fundamentalmente:

.Desenvolver na escola o uso de um método de estudo cativante, extremamente útil e de fácil aplicação dentro da sala de aula; orientar os professores na organização e no desenvolvimento de miniprojetos de investigação que levem os alunos ao melhor conhecimento dos fatos da realidade perceptiva; propor situações problemas ou temas que funcionem como impulsionadores e motivadores na descoberta de novos conhecimentos; transformar a sala em laboratório, onde tudo deve ser ;questionado, analisado e avaliado; estimular professores a dinamizar o ensino pelo aprofundamento da aprendizagem na qual os alunos sejam os principais agentes; oferecer oportunidades para que os alunos manifestem sua criatividade em pequenas propostas de estudo interdisciplinar, possibilitando-lhes, assim, conhecer melhor, o mundo em que vivem; formar seus próprios conceitos e juízos sobre as coisas assumir atitudes de responsabilidade; agir cooperativamente; interagir com os outros.

Não resta a menor dúvida que para se implantar esta nova proposta, será preciso uma conscientização do verdadeiro papel do educador, as condições oferecidas pela escola, que devem está embasadas de suporte teórico e metodológico.

6 CONSIDERAÇÕES

Para tanto, se torna mister a qualquer escola, seja privada ou pública ao pretender trabalhar com essa proposta, observar os seguintes passos:
1 – Inserir esta proposta no seu Projeto Político Pedagógico. (fundamentação legal).
2 – Trabalhar anteriormente a implantação da proposta com a Pedagogia de Projetos. (que facilitará um maior entendimento da mesma.).
3 – Qualificar professores que tenham disposição e vontade de trabalhar com métodos renovados, que estejam dispostos a quebrar paradigmas educacionais.
4 – Promover estudos sistêmicos na escola, abordando sempre o objetivo da proposta (Fundamentação teórica).
5 – Organizar horários para que os educadores possam orientar os educandos na estrutura metodológica do projeto cientifico. (adequando a linguagem dos alunos de acordo com a faixa etária.).
6 - Acompanhamento das ações pelos educadores durante a realização do projeto. (construção do pré-projeto, diários de bordo, sistematização do banner e da monografia)
7 – Divulgação dos projetos investigativos dos alunos.(não tão somente em sala de aula, mas em mostra de ciências) que servirão como socialização de novos conhecimentos e incentivo aos futuros pesquisadores.
Porém esses são apenas alguns passos que foram seguidos por esta Escola, que podem diversificar de acordo com cada realidade institucional.

REFERÊNCIAS

COOL, César. Psicologia e currículo. Uma apreciação psicopedagógica à elaboração do currículo escolar. São Paulo: Ática, 1996.

DELORS, Jaques. Educação: um tesouro a descobrir, 2 ed. São Paulo: Cortez, 1999.

GADOTTI, Moacir. História das idéias pedagógicas. 8 ed. São Paulo,:Ática, 2002.
PCN – Parâmetros Curriculares Nacionais v.1 Brasil, MEC.

GIMENO SACRISTÁN, Jose. Currículo: os conteúdos do ensino ou uma análise da prática? In: Gimeno Sacristan, J. e Pérez Gomes, A. I. Compreender e transformar o ensino. 4ª ed. Porto Alegre: Artmed, 1998. P. 119-148.

LIBÂNEO, José Carlos. Organização e Gestão da Escola: teoria e prática. 5 ed. Goiânia: ed. Alternativa, 2004.

MARTINS, Jorge Santos. O trabalho com projetos de pesquisa. São Paulo: Papirus, 2001.

SANTOMÉ, Jurjo Torres, Globalização e interdisciplinaridade: o currículo integrado. Porto Alegre. Artes Médicas. 1998.

SEVERINO, Antonio Joaquim. Filosofia. São Paulo: Cortes, 1992.

TYLER, Ralph. Princípios Básicos de Currículo e Ensino. Porto Alegre: Globo, 1974.

Um comentário:

  1. Minha amiga Reseanista,tenha um bom dia, parabéns!seu blog é rico em informações, com certeza ajudará, muitas pessoas a enriquecer seus conhecimentos. um grande abraço do amigo vereador de Campestre do Maranhão, Cicero Miranda.

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