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domingo, 1 de agosto de 2010

O CONCEITO DE APRENDIZAGEM E APRENDIZADO NA VISÃO AUSUBEL,PAULO FREIRE,Vygotsky , Piaget, e o prisma da neurociëncia

Aurélio (2006) define o termo “aprendizado” como o “ato, processo ou efeito de aprender”, o que supõe as condições de aprendizagem e o tempo durante o qual se aprende. A aprendizagem é um processo que se diferencia de funções inatas, tal como a capacidade de digestão, por exemplo, que já nasce com o indivíduo, e dos processos de maturação do organismo, independente da informação do ambiente, a maturação sexual, por exemplo. De modo geral, o aprendizado está ligado a fatores psicossociais e à forma como é conduzido.
De acordo Vygotsky (1987, p. 35), justamente por sua ênfase nos processos sócio-históricos, a ideia de aprendizado inclui a independência dos indivíduos envolvidos no processo. Esse conceito tem um significado mais abrangente, que envolve a interação social.
A aprendizagem acontece sem torturas a partir de aulas que despertam a curiosidade das crianças e envolvem brincadeiras e desafios. Vygotsky (Id.) vê a brincadeira como a principal fonte de desenvolvimento dos anos pré-escolares (PAREDES, 2006, p. 35). Através da imitação, a criança aprende observando os mais velhos. Enfim, o ser humano cresce num ambiente social e a interação com outras pessoas é essencial ao seu desenvolvimento.
Quando o aluno interage em sala de aula com os professores e colegas, numa relação de troca de conhecimento, a sua aprendizagem se torna espontânea, e o professor é um aliado para o enriquecimento do saber adquirido. Nesse processo de interação, todos podem aprender, inclusive o professor, que não só faz parte, mas é a peça principal, e deve não só promover o intercâmbio, como também se tornar parte dele. A esse respeito, observa Barbosa (2006, p.12): “A aprendizagem pode acontecer a partir de uma interação direta com o objeto de aprendizagem, ou através da mediação de outra pessoa, realizada através de um instrumento simbólico que pode tomar a forma das várias linguagens hoje existentes”.
Nessa interação, a função do mediador do conhecimento é vital para que o aprendiz se desenvolva em toda a sua potencialidade. Tornar a aprendizagem prazerosa – e significativa – é dar oportunidade ao aluno de compreender que o conhecimento diz respeito à sua vida, a seu mundo. É fazê-lo constatar que “isso faz sentido”. A psicologia hoje deixa bem claro que a criança precisa realizar por si mesma, a aprendizagem, ninguém pode fazê-lo em seu lugar (MOLY, 1993, p. 12).
O processo de aprendizagem pode ser definido de forma sintética como o modo pelo qual os seres humanos adquirem conhecimentos, desenvolvem competências e mudam o comportamento. Contudo, a complexidade desse processo dificilmente pode ser explicada através de recortes do todo. Além disso, qualquer definição está impregnada de pressupostos político-ideológicos, relacionados com determinada visão de homem e sociedade.
Sabe-se que a aprendizagem vem sendo estudada e sistematizada desde os povos da Antiguidade Oriental. No Egito, na China e na Índia, a finalidade era transmitir as tradições e costumes. Já na Antiguidade Clássica, na Grécia e em Roma, a aprendizagem passou a seguir duas linhas opostas, porém complementares: a) pedagogia da personalidade, que visava à formação individual; b) pedagogia humanista, que buscava desenvolver o indivíduo a partir de uma linha de pensamento em que o sistema de ensino era representativo da realidade social e dava ênfase à aprendizagem universal.
Durante a Idade Média, a aprendizagem e o ensino passaram a ser determinado pela religião e seus dogmas. Bem ilustra a natureza da educação medieval o fato de que as crianças aprendiam a não ser canhota (ou sinistras), embora neurologicamente o fossem. No final da Idade Média, iniciou a separação entre as teorias da aprendizagem e do ensino. Com a independência em relação ao clero, as modificações que ocorreram com o advento do humanismo e da Reforma Protestante, no século XVI, e sua ampliação a partir da Revolução Francesa, as teorias do ensino e da aprendizagem seguiram seu rumo natural.
De meados do século XVII ao início do século XX, a ideia central sobre a aprendizagem era demonstrar cientificamente que determinados processos universais regiam os princípios da aprendizagem, tentando-se explicar as causas e formas de seu funcionamento. Na verdade, buscava-se impor uma metodologia que visava enquadrar o comportamento de todos os organismos num sistema unificado de leis, a exemplo da sistematização efetuada pelos cientistas para a explicação dos demais fenômenos das ciências naturais. Muitos acreditavam que a aprendizagem estava intimamente ligada somente ao condicionamento, baseando-se em geral na notória experiência realizada pelo fisiólogo russo Ivan Pavlov, que condicionou cães a salivarem ao som de campainhas.
Nota-se, a partir de 1930, que houve uma maior preocupação em relação aos mistérios que envolvem a aprendizagem. Dessa busca, colheram-se algumas das principais ideias norteadoras de pesquisas realizadas em torno do que seja aprendizagem. R. Guthrie acreditava que as respostas, ao invés da percepção ou estados mentais, constituíam os componentes da aprendizagem. Hull afirmava que a força do hábito, além dos estímulos originados por recompensas, representava um dos principais fatores da aprendizagem, a qual se dava num processo gradual. Edward C.Tolman seguia a linha de raciocínio segundo a qual o comportamento do indivíduo seria a base da aprendizagem. Poder-se-ia acrescentar, ainda, o aspecto emocional da aprendizagem. De fato, sobretudo diante das exigências e pressões da sociedade moderna, faz-se necessário levar em conta a dimensão afetiva do estudante.
Para alguns estudiosos, como Pavlov, Skinner e Watson, a aprendizagem é o processo de alteração de conduta de um indivíduo, seja por condicionamento operante, experiência ou ambos. De uma forma razoavelmente permanente, as informações podem ser absorvidas através de técnicas de ensino ou até pela simples aquisição de hábitos.
Para esses autores, a aprendizagem se define como um processo de mudança relativamente durável do comportamento, de forma mais ou menos sistemática, ou não, adquirida pela experiência, pela observação e pela prática motivada. Realmente a motivação tem um papel fundamental na aprendizagem, ninguém aprende se não estiver motivado, se não deseja aprender.
Na verdade, o ser humano nasce potencialmente inclinado a aprender, necessitando de estímulos internos e externos (motivação, necessidade) para o aprendizado. Há aprendizados que podem ser considerados natos, como o ato de aprender a falar, a andar, necessitando que passe pelo processo de maturação física, psicológica e social. Mas a maioria das aprendizagens se dá no meio social e temporal em que o indivíduo convive; sua conduta muda, normalmente, por esses fatores e, naturalmente, pela herança genética.
Existem aprendizagens que passam e logo são esquecidas, outras ficam registradas permanentemente no cérebro e jamais são esquecidas. Concebendo a aprendizagem como uma operação neural, Antunes (2000, p. 13) classifica-a em aprendizagem mecânica e aprendizagem significativa. A aprendizagem mecânica, ante sua limitação ao campo da memória, vem sendo visivelmente superada nas sociedades desenvolvidas, enquanto a aprendizagem significativa se faz cada vez mais necessária em sala de aula. As duas modalidades de aprendizagem na verdade compõem o mecanismo através do qual o cérebro armazena informações.
Uma criança que aprende a andar de bicicleta jamais perderá essa habilidade, em virtude de seu esforço em aprender. Essa aprendizagem é considerada significativa, já aquela aprendida na escola, principalmente por meio da intermediação de professores tradicionais, que exigem respostas exatas para questionários rígidos, é considerada aprendizagem mecânicas, logo esquecida por que não ficou registrada no cérebro.
É preciso que aconteça o estímulo para que a aprendizagem se revista de significado. E a aprendizagem ocorre quando se torna significante, transformando-se no prazer da descoberta. A aprendizagem é individual e deve ser provocada. “É difícil conhecer se alguém está motivado. Quando algo se torna significante, todo um esquema psicológico é acionado e mobilizado. Realiza-se a tarefa com prazer e se transformam os empecilhos em oportunidades” (BARBOSA, 1998, p. 68). É a partir dessa constatação que deve acontecer o processo de ensino nas escolas, as crianças devem estar cheias de estímulos, satisfação e significados. Observam-se professores preocupados em ministrar uma boa aula, ou ensinar bem uma matéria, mas muitas vezes se esquecem de que ensinar não é transmitir informações, mas sim participar do processo de conhecimento, dando sentido ao que está dizendo.
2.1 O processo de aprendizagem na abordagem de Vygotsky e Piaget
Na concepção de Vygotsky, o pensamento verbal não é uma forma de comportamento natural e inata, mas é determinado por um processo histórico-cultural caracterizado por propriedades e regido por leis específicas não encontradas. Nessa linha de pensamento, Vygotsky (1993, p. 44) acrescenta: “Uma vez admitido o caráter histórico do pensamento verbal, devemos considerá-lo sujeito a todas as premissas do materialismo histórico, que são válidas para qualquer fenômeno histórico na sociedade humana”.
Sendo o pensamento sujeito às interferências históricas a que o indivíduo está submetido, entende-se que o processo de alfabetização, a aquisição da ortografia e a utilização autônoma da linguagem escrita é resultante não apenas do processo pedagógico de ensino-aprendizagem, mas de complexas relações subjacentes realizadas em vários âmbitos: familiar, escolar, religioso, profissional. Nesse sentido, afirma Vygotsky (1993, p. 101):
O pensamento propriamente dito é gerado pela motivação, isto é, por nossos desejos e necessidades, nossos interesses e emoções. Por trás de cada pensamento há uma tendência afetiva – evolutiva. Uma compreensão plena e verdadeira do pensamento de outrem só é possível quando entendemos sua base afetivo-volitiva.
Dessa forma, não seria válido estudar as dificuldades de aprendizagem sem considerar os aspectos emocionais. Avaliar o estágio de desenvolvimento, ou realizar testes psicométricos, não supre de respostas as questões levantadas. É necessário fazer uma análise do contexto emocional, das relações afetivas, do modo como a criança está situada historicamente no mundo.
Na abordagem de Vygotsky (1991), a linguagem exerce o papel de construtora e de propulsora do pensamento. Ele afirma que a fala é extremamente importante no desenvolvimento da linguagem e que, sem interação social ou intercâmbio de significados dentro da zona de desenvolvimento proximal do aprendiz, não há aprendizado.
A linguagem seria então o motor do pensamento, contrariando assim a concepção desenvolvimentista, que considera o desenvolvimento a base para a aquisição da linguagem. Assim, ele defende que os processos de desenvolvimento não coincidem com os processos de aprendizagem, uma vez que o desenvolvimento progride de forma mais lenta, indo atrás do processo de aprendizagem, o que ocorreria de forma seqüencial.
A linguagem fornece os conceitos e as formas de organização do real que constituem a mediação entre o sujeito e o objeto de conhecimento. A relação entre pensamento e linguagem: são processos que têm origens diferentes e desenvolvem-se segundo trajetórias diferentes e independentes, antes que ocorra a estreita ligação entre os dois fenômenos (VYGOTSKY, 1991, p. 102).
Naturalmente, as ideias de Vygotsky em relação à linguagem devem ser conhecidas pelos educadores, para subsidiá-los na compreensão de algumas dificuldades de aprendizagem apresentadas pelos educandos. Para ele, o único bom ensino é aquele que está à frente do desenvolvimento cognitivo e o dirige Analogamente, a única boa aprendizagem é aquela avançada em relação ao desenvolvimento. Diante da teoria de Vygotsky em relação ao ensino, sua ideia é construtivista, visto que defende uma aquisição cognitiva diretamente ligada ao contexto social, histórico e cultural.
Vygotsky apud Moreira (1999, p. 115) identifica três estágios de desenvolvimento na criança e que podem ser estendidos a qualquer aprendiz:
a) nível de desenvolvimento real - determinado pela capacidade de o indivíduo solucionar, independentemente, as atividades que lhe são propostas; b) nível de desenvolvimento potencial - determinado através da solução de atividades realizadas sob a orientação de outra pessoa mais capaz ou em cooperação com colegas mais capazes; c) zona de desenvolvimento proximal - considerada um nível intermediário entre o nível de desenvolvimento real e o nível de desenvolvimento potencial.
A compreensão desses estágios certamente contribuirá com a viabilização da aprendizagem, além de colaborar no relacionamento entre o ensinante e o aprendente. Todavia, Jean Piaget compreende esse processo de aprendizagem de outra forma. Segundo ele, a aprendizagem está entrelaçada nos estágios de desenvolvimento mental do indivíduo.
Piaget afirma que a equlibração está presente em todos os períodos e estágios do desenvolvimento cognitivo e é, na verdade, responsável por ele. Aparece como um mecanismo autorregulador, necessário para assegurar à criança uma interação eficiente com o meio ambiente. Piaget postula que todo esquema de assimilação tende a alimentar-se, isto é, a incorporar elementos que lhe são exteriores e compatíveis com a natureza. Postula também que todo esquema de assimilação é obrigado a se acomodar aos elementos que assimila, isto é, a se modificar em função de suas particularidades, mas sem, com isso, perder sua continuidade (PIAGET, 1975, p. 14).
Segundo a teoria da equlibração, a integração pode ser vista como tarefa de assimilação, enquanto a diferenciação seria de acomodação. Contudo, há conservação mútua do todo e das partes. Se uma criança não consegue assimilar o estímulo, tenta fazer uma acomodação, modificando o esquema ou criando um novo. É de Piaget o postulado de que o pleno desenvolvimento da personalidade sob seus aspectos intelectuais é indissociável do conjunto das relações afetivas, sociais e morais que constituem a vida da instituição educacional. A aprendizagem deve ser completa, envolvendo o psicossocial do indivíduo.
Para Piaget, uma boa parte do conhecimento da realidade não nos chega de fora, como o repicar do sino, e, sim, de dentro, pela força de nossa própria lógica. A criança não nasce pronta, vai se construindo ao longo de suas experiências. O principal objetivo da educação é criar homens capazes de fazer coisas novas, e não simplesmente de repetir o que outras gerações fizeram. Formar mentes que tenham capacidade crítica e de verificação, e que não aceitem tudo o que lhe é oferecido. O desenvolvimento humano é um processo de interação entre o indivíduo biológico e o meio ambiente. Piaget alerta que as escolas devem compatibilizar o ensino com o nível de desenvolvimento do educando, ou seja, respeitar o ritmo de aprendizagem de cada um.
Quanto ao conceito de aprendizagem, Piaget não a enfatiza, visto que sua teoria é uma teoria de desenvolvimento mental. Quando se refere à aprendizagem, ele relaciona-a ao aumento do conhecimento, ou seja, só há aprendizagem (aumento do conhecimento) quando o esquema de assimilação sofre acomodação.
Piaget (1971) reafirma que ensinar significa, pois, provocar o desequilíbrio no organismo (na mente) da criança para que ela procure o reequilíbrio, reestruture-se cognitivamente e aprenda. Porém, na escola esse desequilíbrio mental tem que estar ligado ao período de desenvolvimento do aluno.
2.2 A aprendizagem na visão de Paulo Freire
Paulo Freire foi um grande pedagogo da atualidade, respeitado não só no Brasil, mas também em outras nações. Suas ideias partem do princípio de que vivemos uma sociedade dividida em classes sociais, onde os menos favorecidos são oprimidos não apenas socialmente, mas na forma como são instruídas nas escolas.
Para ele, a aprendizagem é resultado de uma curiosidade do aprendiz, tornando-o criador. Desse modo, Freire (2003, p. 28) afirma:
Ao ser produzido, o conhecimento novo supera outro que antes foi novo e se fez velho e se dispõe a ser ultrapassado amanhã. Daí que seja tão fundamental conhecer o conhecimento existente quanto saber que estamos abertos e aptos á produção do conhecimento não existente.
Isso significa que o aprender envolve os conhecimentos prévios do aprendiz, como também desperta sua curiosidade, qualidade inata dos indivíduos. A aprendizagem envolve o pesquisar, aprender e ensinar, tanto por parte de quem ensina como de quem aprende. Ou seja, a aprendizagem está ligada a vários fatores. Em Pedagogia do Oprimido (2003), Paulo Freire (2003) depõe: “Ensino porque busco, porque indaguei, porque indago e me indago. Pesquiso para constatar, constatando, intervenho, intervindo, educo”. Sintetizando, a aprendizagem está entrelaçada à curiosidade e à forma com que é trabalhada.
Segundo Freire (2003), o processo de ensino-aprendizagem está entrelaçado com a condução do aprendiz a ler o mundo que o cerca. Para ele, só se conquista o saber se aprendermos a analisar o mundo que nos cerca de forma crítica e produtiva, podendo interferir nos acontecimentos do cotidiano. Para tanto, Freire (2003) indica a utilização de temas geradores ligados à realidade do aluno, como eixo unificador de todas as disciplinas, quando o estudante pode ser instigado a refletir sobre sua atuação na sociedade, tornando, dessa forma, a aprendizagem além de crítica, prazerosa. A preocupação de Freire se traduzia na proposta de construção de uma nova sociedade, em que ensinar não é transmitir conhecimentos, mas, sim, a consciência do inacabado, a capacidade de intervir sobre os próprios condicionamentos – e superá-los, para que haja um mundo diferente. Freire (2003, p. 63) frisa: “Neste sentido, quanto mais pomos em prática de forma metódica a nossa capacidade de indagar, de comparar, de duvidar, de aferir, tanto mais eficazmente curiosos nos podemos tornar e mais crítico se pode fazer o bom senso”.
Portanto, o ato de aprender exige bom senso de quem ensina e de quem está propenso a aprender. A aprendizagem deixa de ser mecânica, passando a ser compartilhada. O diálogo é o princípio ativo da cooperação. Não existe, pois, uma ação isolada por parte do sujeito que ensina (ou melhor, que orienta a aprendizagem). Os sujeitos do ato educativo convivem numa relação absolutamente horizontal, onde quem ensina, aprende e quem aprende também ensina.
Para Freire (2003), o saber envolve teoria e prática, como eixos responsáveis pela construção do conhecimento, dignificando o ser humano, não só na sua formação escolar, mas principalmente na consciência moral.
Existe, de certa forma, uma complementaridade entre o pensamento de Freire e o de Piaget acerca da aprendizagem. Basicamente, enquanto Piaget se preocupava em verificar como se desenvolvia o processo cognitivo em suas várias fases, Freire se preocupava com que tipo de homem estava sendo formado, ou seja, a leitura das palavras deve ser mediada pela leitura do mundo.
2.3 A aprendizagem segundo a neurociência
No século XIX, foram descritos dois tipos de células nervosas, que correspondiam a duas unidades estruturais e também funcionais do SNC, o neurônio e o gliócito, também chamado célula glial ou neuroglia.
Segundo a neurociência, o processo da aprendizagem se dá através do sistema nervoso central (SNC), que é uma estrutura complexa indispensável à aprendizagem. Inicialmente, existia a ideia de que somente o neurônio era capaz de aprender, porém, o avanço das pesquisas vem demonstrando que essa tese não é válida, visto que as células gliais são 10 a 15 vezes mais numerosas que os neurônios e podem se modificar com a chegada de novas informações no SNC. Dessa forma, participam dos mecanismos celulares do aprendizado. Verifica-se também que as células gliais têm outras funções, como orientação do crescimento e ajuda na migração dos neurônios durante o desenvolvimento da comunicação neural, defesa e reconhecimento na vigência de situações patológicas e delimitação das descargas neurais.
Em nível prático, afirma Riesgo (2006, p. 21):
No que se refere ao processo de aprendizado, existe uma interface entre duas áreas de atuação: educação e saúde. Na primeira, agem os educadores, orientadores educacionais, pedagogos e psicopedagogos; na segunda, atuam pediatras, neurologistas, neuropediatras, psicólogos, psiquiatra da infância, terapeutas ocupacionais, entre outros.
É interessante constatar que as funções que envolvem a aprendizagem não se vinculam unicamente à atuação dos educadores, mas também a fatores internos e externos, intrinsecamente interligados, o que faz necessária a contribuição de outros profissionais da saúde para que se possam compreender os preâmbulos da aprendizagem.
Os neurônios são células altamente excitáveis que se comunica entre si e também com outras células efetuadoras, tais como as células musculares e secretoras. Existem dois tipos de neurotransmissão, a elétrica e a química, atuando praticamente ao mesmo tempo. A elétrica está mais relacionada com o processo do desenvolvimento neuropsicomotor (DNPM), ao passo que a química está mais ligada ao aprendizado em si.
Muito numerosos, estima-se que o número de neurônios presentes em cada cérebro seja próximo a 100 bilhões, com diferentes formatos e funções, além de uma capacidade toda especial e específica, quase que exclusiva: a capacidade de aprender.
Sobre a importância dos neurônios na aprendizagem, afirma Riesgo (2006, p. 24):
Portanto, nosso cérebro é formado por aproximadamente 100 bilhões de baterias, algumas conectadas em série, outras em paralelo; também existe um grande contingente de neurônios que fazem conexões não-fixas, que Rebollo (2004b) denomina de sinapses modificáveis, as quais se transformam conforme o evento provocador da formação de uma determinada rede neural. O uso faz aumentar o número de conexões, enquanto que o desuso faz diminuir a quantidade de botões sinápticos.
Quando se trata da aprendizagem, têm que se levar em conta vários conjuntos de fatores, como os fisiológicos e neuroquímicos, ambas envolvidas no processo. O termo células gliais vem do inglês glue, significando cola. Inicialmente, os estudiosos consideravam que as células gliais serviam apenas para colar e dar sustentação aos neurônios do sistema nervoso central. Contudo, verificou-se que desempenham várias outras funções, algumas relacionadas com o processo de migração neuronal, com a comunicação interneural e o reconhecimento e defesa de situações patológicas para si e para os neurônios, além de limitar o alastramento de descargas neurais aberrantes.
A respeito da função das células gliais de orientadoras do processo de migração dos neurônios, explica Riesgo (2006, p. 25):
Geralmente, o fenômeno da migração celular ocorre de forma radical, centrífuga. O neurônio jovem migra como se fosse um caracol arrastando a concha. São descritas duas “levas” migrantes, uma aproximadamente na sétima e outra em torno da décima quarta semana da gestação. Nessa fase, as células gliais servem como guias para os neurônios durante sua mudança de localização. Contudo, nem todas as células se valem destes ‘trilhos “para sua jornada migratória. Algumas seguem por caminho ainda não entendido totalmente. As camadas corticais se formam de maneira inversa: a primeira leva neuronal se fixa mais externamente do que a segunda leva. Caso os neurônios não consigam atingir seu destino, toda a citoarquitetura cortical fica anárquica. Portanto, as funções corticais, dentre elas o aprendizado, podem ficar muito prejudicados”.
Dessa forma, a neurociência explica diversas dificuldades apresentadas pelos alunos no processo de aprendizagem, muitas vezes não compreendidas por uma boa parte dos educadores, tornando a construção do conhecimento algo doloroso e constrangedor. Em “Um diálogo entre a psicopedagogia e a educação”, Laura Monte Serrat (2006) lamenta que o aprender encerre potencialmente intenso prazer, mas a escola nem sempre consiga proporcionar essa satisfação a seus alunos.
Uma das maiores dificuldades com lida o educador em sala de aula diz respeito ao estado emocional dos alunos, que, dependendo do estágio em que se encontrem, poderão dificultar o ato de ensinar. Ferreira (2008, p. 7) esclarece que a compreensão da estrutura do SNC requer noções básicas de seu funcionamento e domínio a respeito das estruturas anatômicas sobre as quais incidem os acontecimentos definidos como aprendizagem.
2.4 A Teoria da Aprendizagem Significativa de Ausubel
A aprendizagem pode ser dividida em cognitiva, afetiva e psicomotora, sendo que a cognitiva resulta do armazenamento organizado de informações na mente. A afetiva está diretamente ligada aos sinais internos e externos do indivíduo, sendo identificada por experiências como prazer, dor, satisfação, alegria, ansiedade, ambas interligadas. Já a aprendizagem psicomotora envolve respostas musculares que são adquiridas por meio de treinos e práticas, todavia se condiciona ao entrelaçamento das outras modalidades.
A teoria de Ausubel, psicólogo da aprendizagem, focaliza principalmente a aprendizagem cognitiva. Para ele, a aprendizagem significa organização e interação do material na estrutura cognitiva. A atenção desse teórico está voltada para a aprendizagem ligada diretamente à sala de aula. Nesse habitat, a ênfase maior deve ser naquilo que o aluno já sabe, sobre o que aos poucos serão construídos novos conhecimentos.
Para Ausubel (1978), a aprendizagem significativa é um processo por meio do qual uma nova informação se relaciona com um aspecto especificamente relevante da estrutura do conhecimento do indivíduo, ou seja, esse processo envolve a interação com uma estrutura de conhecimento específica, a qual Ausubel define como subsunçora, ou simplesmente subsunçor, existente na estrutura cognitiva do indivíduo.
A aprendizagem significativa ocorre quando as novas informações são agregadas a informações já existentes na estrutura cognitiva do indivíduo. Ausubel (1978) conceitua estrutura cognitiva como uma estrutura hierárquica de conceitos, que são representações de experiências sensoriais do indivíduo. Por exemplo, ao ensinar adição, o educador deve levar em conta que o educando já possui conhecimentos básicos sobre a grafia dos números, a ordem crescente e decrescente, a noção de quantidade e a noção de espaço e tempo, de modo que, ao conhecer essa nova forma de lidar com os números, o estudante construa e ordene novos conceitos.
No exemplo dado, a ideia de quantidade, espaço e tempo serviriam como subsunçoras para novas informações referentes à utilidade dos números e, à medida que esses novos conceitos fossem aprendidos de maneira significativa, resultaria um crescimento qualitativo na elaboração dos conceitos subsunçores iniciais.
De acordo com Ausubel (1978), a aprendizagem mecânica ou automática é uma aprendizagem de novas informações com pouca ou nenhuma interação com conceitos relevantes da estrutura cognitiva, ou seja, não há ligação entre a nova informação adquirida e a informação já armazenada. Todavia, o mesmo acredita que não há uma dicotomia na relação entre ambas, mas sim uma continuidade, visão também defendida pelo autor no que diz respeito à relação entre aprendizagem por descoberta e aprendizagem por recepção.
Visto que, na aprendizagem por recepção, o conteúdo a ser aprendido deve ser apresentado na sua forma final, enquanto que, na aprendizagem por descoberta, o conteúdo principal deve ser descoberto pelo aprendiz. Entretanto, essa aprendizagem só será significativa se o conteúdo descoberto ligar-se a conceitos subsunçores relevantes já existentes na estrutura cognitiva, seja na aprendizagem por recepção ou descoberta. Segundo essa concepção, a aprendizagem só é significativa se a nova informação for incorporada de forma não arbitrária à estrutura cognitiva.
Ao afirmar que a relação entre a aprendizagem mecânica e a aprendizagem significativa é continua, Ausubel aponta a origem dos subsunçores, quando explica que a aprendizagem mecânica é necessária no processo de aquisição de novas informações, ainda que de forma menos elaborada, pois, à medida que vai se tornando significativa, os subsunçores vão ficando mais elaborados e aptos a ancorar novas informações.
Ausubel (1978) afirma que o uso de organizadores prévios é uma estratégia para manipular a estrutura cognitiva, a fim de facilitar a aprendizagem significativa, ou seja, organizadores prévios são materiais introdutórios que antecedem o conteúdo principal. Sua principal função é servir de ponte entre o que o aprendiz já sabe e o que deve saber, a fim de que a matéria seja assimilada de forma significativa.
A teoria de Ausubel classifica a aprendizagem em significativa, representacional, de conceitos e proposicional.
A aprendizagem representacional envolve a atribuição de significados a determinados símbolos (palavras), ou seja, os símbolos passam a significar para o indivíduo aquilo que os objetos significam.
A aprendizagem de conceitos é de certa forma uma aprendizagem representacional, visto que conceitos são também representados por símbolos particulares, sendo genéricos ou categóricos, representando abstrações dos atributos essenciais dos referentes.
A aprendizagem proposicional distingue entre aprender significativamente o que palavras isoladas ou combinadas representam, aprender significados de conceitos, e aprender o significado das ideias subjacentes aos conceitos verbalmente expressos. Resumindo, a tarefa é aprender o significado que está além da soma dos significados das palavras ou conceitos que compõem a proposição.
Ausubel (1978) argumenta que o ensino em sala de aula é predominantemente organizado em termos de aprendizagem receptiva, e o ser que aprende não precisa descobrir princípios, conceitos, proposições, a fim de aprendê-los e usá-los significativamente. Por outro lado, receptiva não é sinônimo de passiva, pois o mecanismo da aprendizagem significativa é, fundamentalmente, um processo cognitivo dinâmico. Percebe-se que a teoria da aprendizagem significativa de Ausubel apresenta tanto aspectos indutivos como dedutivos, visto que a aprendizagem envolve assimilação, armazenamento e construção de novas informações.
Para Ausubel (1976) apud Moreira (1999), o principal no processo de ensino é que a aprendizagem seja significativa. Isto é, o material a ser aprendido precisa fazer algum sentido para o aluno. Isso acontece quando a nova informação “ancora-se” em conceitos relevantes já existentes na estrutura cognitiva do aprendiz. Ausubel (Id., p. 153) afirma que, para haver aprendizagem significativa, impõem-se duas condições:
a) o aluno precisa ter uma disposição para aprender: se o indivíduo quiser memorizar o material arbitrariamente e literalmente, então a aprendizagem será mecânica; b) o material a ser aprendido tem que ser potencialmente significativo, ou seja, ele tem que ser logicamente e psicologicamente significativo: o significado lógico depende somente da natureza do material, e o significado psicológico é uma experiência que cada indivíduo tem. Cada aprendiz faz uma filtragem dos materiais que têm significado ou não para si próprio.
Por isso, é fundamental considerar os conhecimentos prévios do aprendiz, pois estes servirão de embasamento para a construção de novos conhecimentos significativos Às contribuições dos quatro teóricos enfocadas neste capítulo enriquecem a compreensão de diferentes aspectos desse complexo processo que é a aprendizagem humana.
Vygotsky afirma que a interação social é o motor da aprendizagem e do desenvolvimento intelectual. Piaget defende a aprendizagem completa, envolvendo experiências vivenciadas e levando-se em conta as fases ou etapas do desenvolvimento humano.
Freire e Ausubel têm visões semelhantes. Ausubel compreende a aprendizagem como um processo em que o aprendiz adquire conceitos, bem como demonstra como se organiza a estrutura cognitiva, isto é, o material a ser aprendido precisa fazer sentido para o aluno. Freire ressalta a importância da contextualização dos temas ao cotidiano e valores do aprendiz; a aprendizagem acontece pelo diálogo, em que quem ensina aprende e quem aprende ensina. Enfim, o conceito de aprendizagem está ligado às crenças dos teóricos e aos momentos por eles vividos. As divergências e convergências entre as ideias destes teóricos foram essenciais para a compreensão da interdisciplinaridade, não somente no Brasil. Contudo, tanto quanto compreender a interdisciplinaridade, faz-se necessário conhecer mecanismos que possam facilitar essa ação didática, incluindo-se, preliminarmente, conhecimento das várias etapas por que passou a interdisciplinaridade no Brasil.

Artigo Cientifico A UTILIZAÇÃO DO EIXO TEMÁTICO E DO TEMA GERADOR NO PLANEJAMENTO DA ESCOLA MUNICIPALIZADA LEÔNCIO PIRES DOURADO

RESUMO

Por que planejar? Para que planejar? Qual a importância do planejamento para o desenvolvimento da aprendizagem? Serão perguntas pesquisadas e respondidas no presente artigo que tem como foco principal à prática dos docentes da Escola Municipalizada Leôncio Pires Dourado, partindo do Projeto Político Pedagógico ao Plano diário. Contudo, abordam-se as mais variadas situações vividas na sala de aula, demonstrando o passo a passo de um trabalho desenvolvido a partir de um planejamento que tem como ponto de partida o Eixo Temático e o Tema Gerador. Tendo em vista a escola ser um lugar de gente que estuda e planeja os passos da construção do conhecimento, a prática educativa se processa nas mais variadas situações e níveis de aprendizagem, é que esta pesquisa foi desenvolvida com a pretensão de socializar as experiências positivas vivenciadas na Escola Municipal Leôncio Pires Dourado utilizando o planejamento pensado e elaborado pelos segmentos da escola com o intuito de sintonizar e dinamizar o processo de aprendizagem.

Introdução


A partir de observações e estudos, dentro e fora da sala de aula na Escola Municipalizada Leôncio Pires Dourado, foi realizada esta pesquisa que tem como culminância o presente Artigo Científico “A utilização do eixo temático e do tema gerador no planejamento” traz em seu bojo experiências positivas de um trabalho desenvolvido a mais de seis anos com o objetivo de promover a interdisciplinaridade na aprendizagem.
Contudo, é importante ressaltar as dificuldades dos docentes em planejar e desenvolver suas ações partindo do tema escolhido onde, na Educação Infantil as crianças encontram-se numa fase de descobertas e uma boa parte tem pouco domínio da linguagem e da escrita; na Educação de Jovens e Adultos as maiores dificuldades referem-se à idade avançada de alguns alunos, falta de domínio da leitura e da escrita; no Ensino fundamental do 1º ao 9º ano esta ação educativa, torna-se mais fácil em virtude dos educandos estarem em uma faixa etária 7 a 14 anos, com domínio da leitura e da escrita, com olhar curioso à cerca dos problemas inerentes a sociedade.
Pretende-se mostrar instrumentos destinados a facilitar o trabalho dos educadores na formação de pesquisadores, a partir da Educação Infantil, através de um trabalho planejado em conjunto e girando em torno de uma mesma idéia chamada eixo temático e tema gerador.

Conceituando planejamento e plano

Planejar as ações a serem desenvolvidas em sala de aula contribui para que o docente possa alcançar seus objetivos, considerando com qual educando trabalha e que tipo de sociedade quer construir. Planejamento é constituído por organização e previsão de situações que venham facilitar o processo de aprendizagem de forma criativa e prazerosa.
O ponto principal de um bom planejamento sempre será o educando. Portanto, faz se necessário que o docente conheça a realidade social e cultural do mesmo, sempre levando em conta os conhecimentos adquiridos na família e na sociedade. O planejamento deve prever o que e como trabalhar, que objetivos alcançar, e quais as pessoas envolvidas neste trabalho, sempre de forma coerente e convergindo para o alcance do proposto, mas sempre prevendo situações inesperadas que podem aparecer durante a realização das ações.
É imprescindível que haja um elo entre planejar, planejamento e plano, pois estão interligados tendo a mesma importância na ação didática desenvolvida pelo docente. O ato de planejar é sempre processo de reflexão, de tomada de decisão sobre a ação; de previsão de necessidades e racionalização de emprego de meios (materiais) e recursos (humanos) o docente está pensando e organizando as idéias que irão se concretizar ao elaborar o plano que consiste na sistematização de organização da ação. No plano devem estar sistematizadas as ações que se pretende desenvolver, as informações e princípios que balizam e sustentam.
A importância do planejamento sempre foi discutida não só por docentes, mas pelos segmentos da sociedade, onde se percebe algumas divergências no que diz respeito ao seu verdadeiro objetivo, mas o ponto central, é unanimidade nestes segmentos da sociedade, que a partir do planejamento as ações tornam-se coesas e racionalizadas.
Planejamento é “processo de busca de equilíbrio entre meios e fins, entre recursos e objetivos, visando ao melhor funcionamento de empresas, instituições, setores de trabalho, organizações grupais e outras atividades humanas” (PADILHA, 2001, p. 30). Plano é a "apresentação sistematizada e justificada das decisões tomadas relativas à ação a realizar" (FERREIRA apud PADILHA, 2001, p. 36). Plano tem a conotação de produto do planejamento.
Portanto, é de suma importância que a ação didática que envolve o planejamento seja pensada e elaborada de forma participativa, onde todos têm vez e voz, desde a definição do tema gerador do mês à sua culminância.


Interdisciplinaridade

Na década de 1970, a maior preocupação no que diz respeito à interdisciplinaridade era conceituá-la, por tratar-se de uma palavra difícil de ser pronunciada e compreendida. Esta palavra traz em seu bojo uma mudança na educação tradicional onde o educando era apenas um mero receptor do conhecimento, traz também um novo significado ao ato de aprender onde a humanização teria um papel predominante.
O movimento da interdisciplinaridade surge na Europa, precisamente na França e na Itália na década de 1960, com o surgimento de movimentos estudantis. Um dos principais precursores do movimento em prol da interdisciplinaridade foi Georges Gusdorf que apresentou em 1961 á Organização das Nações Unidas para a Educação, à Ciência e a Cultura (UNESCO) um projeto de Pesquisa interdisciplinar para as ciências humanas, e tinha como objetivo principal orientar o trabalho pela unidade humana.

Repercussão dos estudos sobre interdisciplinaridade no Brasil

A educação brasileira na década de 1970 vive um momento de retomada de valores e a busca pelo novo, surge então a palavra interdisciplinaridade que foi tornando-se modismo e utilizada de forma errônea por vários docentes, sendo responsável por algumas reformas educacionais, mesmo diante das dificuldades em colocá-la na prática em sala de aula, pois seria necessária uma mudança interna para que a interdisciplinaridade fosse realmente trabalhada nas escolas.
Os anos de 1980 foram marcados pela necessidade de explicitar o verdadeiro sentido do trabalho através da interdisciplinaridade, visto que na década anterior houve alguns equívocos no que diz respeito sua aplicabilidade na educação, os educadores durante anos e anos foram ficando em silêncio a mercê das decisões políticas educacionais traçadas pela ideologia do poder político da época. Nestas duas épocas percebe-se que não houve uma internalização por parte dos educadores sobre a importância da ação didática de forma interdisciplinar, pois aos mesmos não foram dados subsídios teóricos para tal ação. Diante desta constatação preferiram manter-se em silêncio e deixar apenas na teoria o modismo da interdisciplinaridade.
A década de 1990 é marcada por uma retomada de consciência dos docentes, na busca de ações que tornem a interdisciplinaridade, algo constate em sala de aula. Surge, então vários projetos educacionais com este objetivo, porém ainda de foram assistemàtica e sem sustentação teórica. O maior progresso nestas três épocas foi o amadurecimento dos docentes, em face da sua atuação, passando de transmissor a construtor de conhecimento onde o educando não é mais um coadjuvante neste processo mais o autor e ator principal.
Deste modo, Fazenda (2001, p.23) resume o movimento vivido pela interdisciplinaridade para fins didáticos divididos em três décadas:

-1970 - em busca de uma explicitação filosófica; (procurávamos uma definição de interdisciplinaridade).
-1980 - em busca de uma diretriz sociológica; (tentávamos um método para a interdisciplinaridade).
-1990 - em busca de um projeto antropológico; (estamos partindo para a construção de uma teoria da interdisciplinaridade).

No século XXI, vive-se a junção de certa forma dos avanços alcançados nas décadas anteriores no que diz respeito ao trabalho interdisciplinar, nota-se uma maior consciência do educador em relação aprendizagem, onde as relações entre docente e educando são cooperativas e reflexivas, ambos são sujeitos de sua própria ação, engajados num processo de pesquisa, de redescoberta e construção coletiva.
Deve-se entender que ao propor o trabalho com interdisciplinaridade dar-se-á possibilidades ao educador de desenvolver um processo dinâmico, criativo e integrador, colocando na sua prática escolar uma consciência da realidade, que será utilizada na aprendizagem do educando.

Os Temas Transversais: (Eixo Temático)

A ação educativa atual exigiu dos docentes um espírito de pesquisador, pois o educador que pesquisa, aprende. Na opinião de Fazenda (1993, p.42), “a interdisciplinaridade depende então, basicamente, de uma transformação de atitude perante o problema do conhecimento, da mudança de uma concepção fragmentária pela unitária do ser humano”. Desta forma, a mudança de postura do educador, é o fator preponderante para o trabalho educativo interdisciplinar.
Diante de um currículo que não atende todas as necessidades dos educandos, faz-se necessário uma busca constante de metodologias que possam suprir as lacunas deixadas pelo currículo formal, é através da utilização dos temas transversais que a escola pode estar inserindo no seu trabalho pedagógico os problemas inerentes a sua realidade, visto que toda escola tem sua própria subcultura escolar. Não se trata de propor, dessa forma, a eliminação das disciplinas, mas da criação de movimentos que levem ao estabelecimento de relações entre as mesmas, tendo como ponto de convergência a ação que desenvolve num trabalho cooperativo e reflexivo. Assim, os sujeitos de sua própria ação se engajam num processo de pesquisa e construção coletiva.
O objetivo da inclusão dos Temas transversais na Escola, de acordo com os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNS), diretrizes norteadoras do trabalho pedagógico, desde da Educação Infantil ao Ensino Médio no Brasil, é que as questões sociais sejam apresentadas para a aprendizagem e a reflexão dos educandos, buscando um tratamento didático que contemple sua complexidade e dinâmica, dando-lhes a mesma importância das áreas convencionais, com isso o currículo ganha em flexibilidade e abertura, uma vez que os temas podem ser priorizados e contextualizados de acordo com as diferentes locais. O conjunto de temas propostos pelos PCNS é: Ética, Meio Ambiente, Pluralidade Cultural, Saúde, Orientação Sexual, Trabalho e Consumo.
Trabalhando com estes temas transversais a escola poderá está inserindo, no seu plano anual os problemas inerentes à sua comunidade, desde preservação da escola às doenças sexualmente transmissíveis, onde no decorrer dos meses poderá utilizar projetos que venham contemplar a interdisciplinaridade nos níveis e áreas do conhecimento. Visto que o conjunto de temas transversais traz consigo o objetivo maior de formar cidadãos críticos, pesquisadores, capazes de transformar o ambiente em que vivem.
Hernández e Ventura (1998, p. 63) afirmam:
Definitivamente, a organização dos Projetos de trabalho se baseia, fundamentalmente numa concepção da globalização entendida como um processo muito mais interno do que externo, no qual relações entre conteúdos e áreas do conhecimento têm lugar em função das necessidades que trazem consigo o fato de resolver uma série de problemas que subjazem á aprendizagem

Diante deste pressuposto a escola tem as condições para que sejam formulados projetos que atendam a real necessidade dos educandos, como afirma Martins (2007 p. 111):

Os projetos coletivos de pesquisa escolar possibilitam construir essa visão total da realidade, quando organizado por meio de planejamento conjunto de diversas matérias disciplinares estabelecendo: um só objetivo a ser almejado; partilha de tarefas a serem realizadas em vista desse objetivo; caminhos de exploração diferentes, de acordo com as disciplinas; conceito múltiplo a partir do enfoque de cada disciplina.

Ao utilizar a pedagogia de projetos, a escola facilitara o envolvimento dos educadores e educando em torno dos problemas sociais, como também otimizarão ações que possam contribuir para minimizar os mesmos.


Tema Gerador

Freire (2003, P. 10) afirma que “ninguém pode estar no mundo, com o mundo e com os outros de forma neutra. Não posso estar no mundo de luvas nas mãos constatando apenas. A acomodação em mim é apenas caminho para inserção que implica decisão, escolha, intervenção na realidade”. Desta forma, os conteúdos trabalhados na escola não podem estar fora da realidade do docente, este tem que ser incentivado a fazer parte do seu meio social, não como expectador, mas como sujeito construtor e transformador. E como desenvolver isto na escola? O caminho é a pedagogia de projetos, que abre o leque para que a instituição escolar possa construir projetos interdisciplinares, utilizando como pano de fundo os temas transversais e as palavras geradoras criadas por Freire, para trabalhar partindo da realidade, na Educação de Jovens e Adultos. A ação didática que parte de um tema gerador tem como unificar a escola e, principalmente envolver docentes, educandos e comunidade escolar em busca de mesmo objetivo norteado pela a interdisciplinaridade.
Neste sentido, a atuação do educador deve está embasada no respeito á individualidade de cada um e na abertura à investigação em busca de uma unamidade Pois, não se trata de eliminar disciplinas, mas dar-lhes movimentos uniformes em torno de uma única ação coletiva. Afirma Martins (2007, p.111) o trabalho com projetos interdisciplinares tem que abordar o assunto temático como um todo, pois as significações das partes se integram e se completam na totalidade, e estão vinculadas por íntimas ligações, as quais podem originar novos conhecimentos e conceitos. Desta forma, a escolha do tema gerador torna-se imprescindível para que as ações da escola girem em torno de um mesmo eixo.

Retrospectiva da implantação e utilização do Eixo Temático e do Tema Gerador no planejamento da Escola Municipalizada Leôncio Pires Dourado.

Trabalhar de forma interdisciplinar sempre foi o maior desafio da escola que trabalha com Educação Infantil, Ensino Fundamental e Educação de Jovens Adultos, durante anos foram implantadas metodologias sempre almejando este fim. Nesta busca várias foram às dificuldades enfrentadas, principalmente unir os docentes em um só fim, pois antes de interdisciplinar o saber tinha que interdisciplinar as pessoas. Surgindo então, as primeiras idéias, idéias estas que foram tornando-se ações a partir do planejamento participativo, e com a formação do docente em exercício, utilizando o dia do planejamento mensal, não somente para fazer o plano, mas para realizar sessão de estudos, onde sempre foram trabalhados temas inerentes a problemas relacionados ao cotidiano da sala de aula.
Neste sentido, reafirma Libâneo (2001 p. 222):

A ação de planejar, portanto, não se reduz ao simples preenchimento de formulários para controle administrativo; é, antes, a atividade consciente de previsão das ações docentes, fundamentadas em opções político-pedagógicas, e tendo como referência permanente às situações didáticas concretas (isto é a problemática social, econômica, política e cultural que envolve a escola, os professores, os alunos, os pais, a comunidade, que interagem no processo de ensino).

Nesta forma de planejar consegue-se vencer o primeiro obstáculo para trabalhar de forma interdisciplinar, pois à medida que aconteciam os estudos, os docentes iam conhecendo a si e ao outro, como também algumas realizações de sucesso de outras Instituições educativas, e teorias que tivessem como foco uma prática interdisciplinar que eram socializadas. Como afirma Gardner (1995, p. 27) “a inteligência interpessoal opera, primeiramente, baseada no relacionamento interpessoal e na comunicação. Envolve habilidades de trabalhar cooperativamente com outros num grupo e a habilidade de comunicação verbal e não verbal”, de maneira a trabalhar a socialização pessoal e social.
Se a missão da escola tem como ponto principal “Educar para a vida”, como fazer isto, o que fazer para formar homens e mulheres aptos a participarem de uma sociedade capitalista e desumana? Será que trabalhando apenas com o método instrucional alcança-se o objetivo educacional? Eram estas as inquietações que permeava o ambiente escolar. E, em busca da solução destas é que surgiu a idéia de trabalhar com eixo temático e tema gerador, idéia esta surgida do trabalho com palavras geradoras de Freire (2005) utilizado geralmente na Educação de Jovens e Adulto.
Dado o segundo passo, fazia-se necessário envolver não só os docentes e educandos, mas sim a comunidade interna e externa da escola. Outro desafio a ser enfrentado, não bastava só utilizar um tema gerador, fazia-se necessário, encontrar uma forma onde pudessem sentir-se responsáveis pela sua origem, organização e realização, e que estas palavras fossem surgidas de problemas ou datas que fizessem parte da escola, não algo isolado das necessidades e interesses do cotidiano do docente e educando.

Os docentes desta escola detentores de uma visão futurista, são impulsionados pelo desejo de mudanças, de fazer do planejamento uma ação usando uma metodologia do fazer diferente, prosseguem com o ideal de trabalhar com projetos na escola para implantar o aprender a conhecer, o aprender como fazer, o aprender a ser pelo conviver, colunas que seguram toda e qualquer ação educacional. Mas, o que fazer diante de um currículo engessado, que por muitas vezes limitam a ação da escola? Por que trabalhar com projetos didáticos, não da forma tradicionalmente conhecida, onde cada docente elabora um Projeto Didático em sua sala de aula de acordo com os problemas de aprendizagem detectados, mas algo onde pudessem globalizar as ações e a comunidade escolar.
Dado o terceiro passo, a unanimidade em fazer diferente, algo criativo e envolvente, onde o aprender fizesse parte do cotidiano de forma prazerosa, os educandos pudessem desenvolver suas potencialidades, sendo levada em conta e compreendida pelos docentes as inteligências múltiplas desenvolvidas pelos indivíduos, de acordo com suas habilidades.(GARDNER, 2001).
Quarto passo, definição de um instrumento que contemplasse o como fazer?O que fazer? Como acompanhar este fazer pedagógico? Surge, então a formula tão pensada, planejada por todos com a denominação de Roteiro de Planejamento, que tem como pano de fundo os famosos projetos didáticos defendidos por alguns autores entre eles Jorge Santos Martins e Victor Parro, só com uma particularidade fundamental, o Eixo temático e o Tema gerador a ser trabalhado terão como ponto de partida os problemas inerentes à sociedade e a Escola, e envolverá a comunidade interna e externa, tendo como alicerce o planejamento mensal, que será sistematizado e desenvolvido em grupo, e suas ações serão acompanhadas através da culminância de cada planejamento.

Construindo e realizando o Roteiro de Planejamento Mensal.


1 – Passo – Definição do Eixo Temático e do Tema Gerador. O eixo temático sempre será ligado diretamente com os temas transversais. O tema gerador surgirá de datas ou problemas inerentes à sociedade ou a escola.

2 – Passo – Elaboração do Roteiro do Plano Mensal – Será realizada em grupos levando em conta as modalidades de educativas e áreas de conhecimento.
3 – Passo – Execução do Roteiro do Plano Mensal - O tema gerador servirá de base para que aconteça a interdisciplinaridade globalizada na escola, sempre com durabilidade de um mês.

4 – Passo – Acompanhamento das ações propostas no Roteiro de Planejamento Mensal – As ações serão acompanhadas através da culminância no final do mês, onde de forma criativa os educandos desenvolveram músicas, peças teatrais, que contemplem o Eixo temático e o tema Gerador do mês, e apresentaram para toda a comunidade.

Avaliando a metodologia do trabalho com Eixo Temático e Tema Gerador

Para avaliar o trabalho pedagógico realizado na escola utilizando a Pedagogia de Projetos, partindo de um Eixo temático e de um Tema gerador, foram entrevistados 35 professores utilizando um questionário aberto, com questões que permeiam todo o trabalho educativo. Também foram entrevistados 300 alunos, envolvendo todas as modalidades de ensino da escola, com estes foram utilizados questionários fechados.

De acordo com as respostas dos educadores e educandos, percebe-se que com esta metodologia conseguimos alcançar uma unidade no nosso fazer pedagógico dentre todas as questões vamos analisar apenas cinco de cada segmento entrevistados, que de certa forma retratam a realidade atual da escola e nos dão subsídios para confirmar os avanços alcançados com a implementação da pedagogia de projetos.
Respostas dos educadores:
Quando se pergunta: Planejar faz parte da sua ação educativa? Desta forma, 99% confirmaram que planejam, e apenas 1% utiliza esta ação mais ou menos. Isto significa que os docentes compreendem a importância do planejamento para executarem suas aulas com eficácia.
Ao perguntar aos educadores sobre os avanços alcançados pela comunidade interna e externa após seis anos da Implantação do Planejamento Mensal, partindo de um Eixo Temático e de um Tema Gerador, os mesmos citaram:
A – Maior autonomia por parte de educadores e educandos
B - Melhoramento na leitura e ortografia dos educandos, como também na questão ética, solidária e espiritual.
C - Participação efetiva dos pais e de outras entidades nos projetos desenvolvidos.
D - Participação de todos os funcionários da escola nas ações propostas no projeto mensal.
E – Implantação de projetos invesgativos.
F – Desenvolvimento de habilidades como; dança, teatro, música.
G – Relação interpessoal entre educador e educador, educandos e educandos, educador e educando, educador e direção, direção e educandos.
Estes avanços denotam que esta ação pedagógica possibilita uma intervenção no real e, algumas vezes uma maior centralização e aprofundamentos em alguns objetivos. Estes se vinculam uma ou mais áreas de conhecimento, mas sempre canalizados para uma intenção clara e previsível, desde do inicio do projeto.
Em face ao relacionamento interpessoal, quando se pergunta se este tipo de planejamento favorece ou não uma estreita relação entre educadores? 100% dos entrevistados afirmam que sim. Demonstrando a importância de uma boa relação entre as partes integrantes da escola, imbuídas de um mesmo objetivo.
No que diz respeito metodologia utilizada na Escola, pergunta-se: a mesma tem como resultado uma aprendizagem significativa? 99% educadores afirmam que após a implantação desta metodologia a aprendizagem tornou-se curiosa e agradável possibilitando aos educandos subsídios para desenvolverem outras habilidades, pois nesta busca educadores e educando vão necessariamente transitar pelas várias aéreas de conhecimento que possam contribuir para a compreensão daquele fragmento da realidade, num movimento de transdisciplinaridade.
Ao avaliar o envolvimento das partes integrantes da escola após seis anos contínuos de aplicabilidade, do Planejamento Mensal, tendo como pressuposto a aprendizagem significativa.(Eixo temático e tema gerador). Os educadores atribuíram alguns conceitos, que servirão como avaliação da proposta pedagógica inserida na escola.
Educador – 85% excelente 10% bom 5% regular
Educando – 75% excelente 10% bom 15% regular
Família - 70% excelente 15% bom 15% regular
Direção – 85% excelente 10%bom 5% regular
Pessoal de apoio – 80% excelente 15% bom 5%regular
Entidades outras: 50% excelente 20% bom 30% regular
Em face destas respostas, percebe-se que o trabalho com projeto é uma estratégia de trabalho em equipe que favorece a articulação entre os diferentes conteúdos e áreas de estudos como também possibilita a escola envolver todos os segmentos envolvidos na proposta, pois projetos bem orientados motivam todos a superarem conhecimentos, rompendo os limites do ensino tradicional, alteram substancialmente o sentido da aula, desfocando o modelo em que o educador fala e os alunos ouvem.

Respostas dos educandos:
A participação dos educandos na pedagogia de projetos é fundamental, pois ao repensar o fazer pedagógico a escola tem como objetivo máster capacitar os educandos a sobreviver neste século, não como coadjuvante, mas como ator principal; permitir o diálogo constante entre as disciplinas, possibilitando ao educando uma visão do conjunto do tema abordado; estimular a curiosidades para assuntos novos e inerentes a sociedade, com também sensibilizar a classe educacional da importância da mudança no fazer educativo.
Perguntou-se aos educandos; você aprende mais ao copiar, decorar ou pesquisar, onde 50% afirmaram que ao copiar, 5% ao decorar e 45% ao pesquisar, o que demonstra um avanço significativo após a implantação da proposta pedagógica, pois essa nova sociedade exigiu cidadãos criativos e utópicos, que deverão saber organizar suas idéias, escrevê-las, defendê-las, enfim projetar-se.
Ao perguntar aos educandos se os mesmos desenvolvem outras habilidades além da leitura e da escrita na culminância do projeto realizado a cada final de mês, 90% afirmam que sim 10% afirmam que não, fatores estes que denotam crescimento interativo nas demais áreas de conhecimento e um alto grau de conscientização na busca da construção do conhecimento e desenvolvimento de habilidades físicas e intelectuais.
Questionou-se, se no decorrer das aulas os educandos conseguiam entender que todas as disciplinas giravam em torno de único tema gerador, mesmo os educadores trabalhando conteúdos diferentes, no qual 80% dos educandos afirmam que sim enquanto 20% percebem mais ou menos e 5% não conseguem perceber esta interdisciplinaridade. O resultado desta amostra dar-se em virtude dos vários graus de conhecimento que vão desde da educação infantil, ensino fundamental e educação de jovens e adultos, onde existe diferentes níveis cognitivos por parte dos educandos.
Ao questionar se os educandos consideram o aprender desenvolvido na escola, criativo e prazeroso, 85% afirmam que sim, enquanto 15% consideram este aprender mais ou menos prazeroso, reafirmando que o método da pedagogia de projetos dar margem a certas variações, surgindo novas modalidades de ensino, como as unidades de experiências, surgidas da investigação do cotidiano dos educandos problematizado por eles próprios ou pelo educador, culminando num ambiente educacional criativo e prazeroso, onde o aprender acontece de forma encantadora.
Foi lançada a reflexão se a escola de fato está preparando os educandos para vencer na sociedade atual na qual obteve-se o resultado especifico da área em estudo, onde 80% dos educandos acreditam que sim, 5% afirmam que não, enquanto que 15% acreditam mais ou menos nesta ação. Denotando que a aprendizagem é realizada em situação real, integrando pensamento, sentimento e ação dos educadores.

Conclusão

É inegável a necessidade de alimentarmos uma educação próxima dos educandos, capaz de aguçar a criatividade, de despertar os gênios inventivos, de aperfeiçoar o temperamento e o caráter, bem como a capacidade de resistência e adaptação dos mesmos.
No contexto atual, é necessário levantar possibilidades e alternativas viáveis, articulando e colocando em ação conhecimentos, habilidades e valores, democratizando o saber para reconstruirmos a visão de mundo, que levamos séculos para sedimentar, e foi neste contexto e nessa nova visão acerca do ensino-aprendizagem que aconteceu esta quebra de paradigmas na Escola Leôncio Pires Dourado, após anos de uma educação instrucional, os educadores voltam o olhar para o novo fazer pedagógico, onde a interdisciplinaridade envolvesse não tão simplesmente as disciplinas, mas as pessoas envolvidas no processo educativo. A mudança na ação educativa desta escola fez com que fosse exemplo a ser seguido por outras escolas públicas, tornando-se referência no âmbito municipal, onde o ponto maximo desta proposta pedagógica deu-se com a implantação da pesquisa cientifica a partir da educação infantil que de certa forma teve sua origem ao implantarmos o planejamento mensal partindo de um eixo temático e de um tema gerador.

Referências

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BRASIL, MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO E DO DESPORTO – Parâmetros Curriculares Nacionais – terceiros e quarto ciclos do ensino fundamental. Brasília: MEC, 1998.
FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. 15. Ed. São Paulo: Paz e Terra,
GROSSI, Ester. LDB Lei de diretrizes e Bases da Educação – Lei 9.394/96. 3. ed. Rio de Janeiro: DP&A editora, 2000.Paulo, Petrópolis: Vozes, 1999.
HERNÁNDEZ, Fernando. Transgressão e mudança na educação. Porto Alegre, 1998.
LUCKESI, Cipriano. Elementos para uma Didática no contexto de uma pedagogia para a transformação. Anais da III CBE. São Paulo: Loyola, 1987.
.MARTINS, Jorge Santos. Projetos de pesquisa: estratégias de ensino e aprendizagem em sala de aula. Campinas: ARMAZEM DO IPE, 2005.
PADILHA, R. P. Planejamento Dialógico: como construir o projeto político-pedagógico da escola. São Paulo: Cortez; Instituto Paulo Freire, 2001.
VASCONCELLOS, Celso S. Coordenação do Trabalho Pedagógico: do projeto político-pedagógico ao cotidiano da sala de aula. 6a ed. São Paulo: Libertad, 2006.

Artigo Científico -FORMANDO PESQUISADORES NA EDUCAÇÃO INFANTIL DA ESCOLA MUNICIPALIZADA LEÔNCIO PIRES DOURADO

RESUMO
Partindo do pressuposto em que a Educação Infantil é responsável direta pelo alicerce psicossocial do educando, visto que os recebe na primeira e mais importante fase de sua vida, a partir dos 4 anos de idade, é de suma importância que a construção do conhecimento seja feita de forma prazerosa, curiosa e responsável, sempre vislumbrando uma sociedade futura, onde as crianças serão os futuros adultos que dependendo da sua formação inicial irão contribuir ou não com esta sociedade. É possível pesquisar na Educação Infantil? Que metodologias utilizar para esta ação didática? Quais as dificuldades enfrentadas pelos educadores e educandos ao trabalharem com pesquisa cientifica na Educação Infantil? Qual o papel da família nesta proposta pedagógica? Estes questionamentos serão pesquisados e analisados neste Artigo Científico, que tem como foco principal analisar a importância da iniciação a pesquisa científica na Educação Infantil na Escola Municipal Leôncio Pires Dourado para a formação de pesquisadores, haja vista que um dos maiores entraves na Educação Universitária é a falta de embasamento científico dos educandos. Diante desta problemática torna-se mister a reflexão e a discussão sobre a implantação da iniciação a pesquisa científica a partir da Educação Infantil, tendo como laboratório a Escola Municipal Leôncio Pires Dourado.

INTRODUÇÃO

Observando as análises das pesquisas realizadas, torna-se primordial analisar o passo-a-passo percorrido pelos educadores, desde surgimento da idéia à sistematização da metodologia que tem como objetivo maior desenvolver a iniciação a pesquisa cientifica com crianças de 04 a 05 anos da Educação Infantil. Para tanto requerem práticas compatíveis com as prerrogativas inerentes ás necessidades e características dos educandos, nessa faixa etária, como também a formação do Educador que atua nesta modalidade educativa.
A temática Formando Pesquisadores na Educação Infantil menciona neste projeto algumas questões a serem consideradas pelos responsáveis pela implantação desta metodologia, desde a formação continuada em exercício dos educadores no que diz respeito à pesquisa cientifica, como o suporte pedagógico e estrutural facilitado pela instituição educacional, fatores primordiais para o alcance do objetivo traçado pelos educadores.
Evidencia-se que ação pedagógica não se dá no vazio, mas num espaço institucional determinado e preciso, onde o envolvimento de todos os segmentos que fazem parte desta, tem papéis importantes, desde visão critica e pesquisadora do educador, ao olhar curioso do educando. O entendimento da família desta nova forma de fazer educação torna-se imprescindível para este novo fazer pedagógico, que traz consigo uma ruptura na forma de aprender na Educação Infantil. Esta nova visão de aprendizagem desenvolvida na Educação Infantil da Escola Municipal Leôncio Pires Dourado, será descrita e socializada neste projeto.

Os Parâmetros Curriculares e a Educação Infantil


Os parâmetros Curriculares Nacionais prever em seus objetivos gerais que a pratica da educação infantil deve se organizar de modo que as crianças possam desenvolver as seguintes capacidades:
# desenvolver uma imagem positiva de si, atuando de forma cada vez mais independente, com confiança em suas capacidades e percepção de suas limitações;
# descobrir e conhecer progressivamente seu próprio corpo, suas potencialidades e seus limites, desenvolvendo e valorizando hábitos de cuidado com a própria saúde e bem-estar;
# estabelecer vínculos afetivos e de troca com adulto e crianças, fortalecendo sua auto estima e ampliando gradativamente suas possibilidades de comunicação e interação social;
# estabelecer e ampliar cada vez mais as relações sociais, aprendendo aos poucos a articular seus interesses e pontos de vistas com os demais, respeitando a diversidade e desenvolvendo atitudes de ajuda e colaboração.
# observar e explorar o ambiente com atitude de curiosidade, percebendo-se cada vez mais como integrante, dependente e agente transformador do meio ambiente e valorizando atitudes que contribuam para sua conservação;
# brincar, expressando emoções, sentimentos, pensamentos, desejos e necessidades;
# utilizar as diferentes linguagens (corporal, musical, plástica, oral e escrita) ajustadas ás diferentes intenções e situações de comunicação, de forma a compreender e ser compreendido, expressar suas idéias, sentimentos, necessidades e desejos e avançar no seu processo de construção de significados, enriquecendo cada vez mais sua capacidade expressiva;
# conhecer algumas manifestações culturais, demonstrando atitudes de interesse, respeito e participação frente a elas e valorizando a diversidade.
Isto significa que ao trabalharmos com Educação Infantil, devemos priorizar não apenas o brincar, como era vista o aprender em épocas mais remotas, quando a pré-escola era apenas um espaço para guardar as crianças enquanto os pais trabalhavam.
Para que os educandos possam desenvolver suas habilidades a instituição escolar deve levar em conta as condições externas e internas da comunidade. Concernentes a essas condições os Parâmetros Curriculares salienta que;
A problemática social das muitas comunidades brasileiras faz com que os profissionais e as instituições de educação infantil tenham que considerar questões bastante complexas que não podem ser ignoradas, pois afetam diretamente a vida das crianças pequenas, como a desnutrição, a violência, os abusos e maus tratos etc.
Todas as questões inerentes à vida das crianças devem ser levadas em conta, visto que elas podem interferir no desenvolvimento psíquico-social das crianças. Outro fator determinante para alcançar os objetivos gerais da educação infantil dizem respeito as condições internas da instituição que trabalha com educação infantil. Os parâmetros Curriculares pontuam que:
Ao pensar em uma proposta curricular deve-se levar em conta não só o número de horas que a criança passa na instituição, mas também a idade em que começou a freqüentá-la e quantos anos terá pela frente. Pois estas questões acabam influindo na seleção dos conteúdos a serem trabalhados com as crianças, na articulação curricular de maneira a garantir um maior número de experiências diversificadas a todas as crianças que a freqüentam.
Deste modo á educação infantil deve ser visto como uma modalidade de ensino, obedecendo todas as prerrogativas inerentes a mesma, onde o brincar é sinônimo de aprender, ou seja, o educando possa desenvolver seu processo de aprendizagem.
A Educação Infantil é um direito de toda criança e uma obrigação do Estado (Art.208, inciso da Constituição Federal). A criança não está obrigada a freqüentar uma instituição de Educação Infantil, mas sempre que sua família desejar ou necessitar, o poder público tem o dever de atendê-la. Em vista dos direitos assegurados pela Constituição Federal e dos efeitos positivos que a educação inicial exerce sobre o desenvolvimento e aprendizagem da criança, já comprovada através de pesquisa e estudos, a educação infantil torna-se um ponto estratégico do desenvolvimento humano.
As primeiras idéias de Educação Infantil no mundo surgiram na Europa com Froebel e os primeiros jardins de Infância, passando por Decroly e sua proposta de renovação do ensino e organização das atividades escolares “Centros de Interesses” até Montessori e sua preocupação com uma Pedagogia Cientifica e um método pedagógico capaz de orientar eficientemente a ação escolar.
A introdução da Educação Infantil no Brasil iniciou-se no ano de 1875 através do Dr. Joaquim José de Meneses Vieira e sua esposa Carlota Meneses Vieira na cidade do Rio de Janeiro, que fundaram a primeira escola de Jardim para crianças: O Colégio Menezes Vieira, com o objetivo de servir uma clientela de elite do sexo masculino de 3 a 6 anos de idade. Com o movimento da Escola Nova nas décadas de 20 e 30 do século XX, surgiu uma nova concepção de pré-escola como Jardim de Infância, onde ainda hoje é muito difundida nas redes particular e pública.
No Maranhão, a educação infantil chegou através da Igreja Católica, que tomou a iniciativa de educar crianças de zero a 6 anos, tomando para si, essa responsabilidade, construíram a primeira Escola de Educação Infantil (Escola Modelo), no ano de 1895, que depois viria chamar-se Escola Modelo Benedito Leite.
A educação Infantil em Imperatriz-Ma iniciou em 1950 pelo Prefeito Simplicio Moreira, as escolas de alfabetização faziam parte de um programa criado pelo Presidente Gaspar Dutra. O prefeito Simplicio Moreira leva a educação ás crianças do povoado Saranzal, situado ás margens do rio Tocantins. As aulas tiveram inicio em 1951 e a Escola denominou-se Governador Acher em homenagem ao governador da época, tendo como professora responsável a professora leiga Alzira Herenio Medlig.
No Brasil, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional chama o equipamento educacional que atende crianças de 4 a 6 anos de Pré-escola. Recentes medidas legais modificaram o atendimento das crianças na pré-escola, pois alunos com seis anos de idade devem obrigatoriamente estar matriculado no primeiro ano do Ensino Fundamental.
Os dispositivos legais que estabeleceram as modificações citadas são os seguintes:
. Projeto de Lei n 144/2005, aprovado pelo Senado em 25 de janeiro de 2006, com que estabelece a duração mínima de 9 (nove) anos para o ensino fundamental, com matricula obrigatória apartir dos 6 (seis) anos de idade.
Essa medida deverá ser implantada até 2010 pelos Municípios, Estados e Distrito Federal. Durante esse período os sistemas de ensino terão prazo para adapta-se ao novo modelo de pré-escolas, que agora passarão a atender crianças de 4 e 5 anos de idade.
Atualmente no que se refere à Educação Infantil, Imperatriz, apresenta um sistema diferenciado e diversificado, com legislação especifica, normalizada pelo Conselho Municipal de Educação. A modalidade de Educação Infantil, com a implantação do ensino fundamental em 09 nove anos pelo Município, corresponde apenas I e II períodos, sendo que o I período atende as crianças de 04 anos e o II período às de 05 anos, a metodologia utilizada é a do Sistema Positivo, que contempla uma nova forma de aprendizagem.
A Escola Municipal Leôncio Pires Dourado foi fundada no dia 15 de maio de 1976 pela Loja Maçônica União e Fraternidade n 10 com o objetivo de atender as crianças carentes da comunidade de 04 a 06 anos. No inicio atendeu apenas a 43 alunos, distribuídos em duas salas de Educação Infantil. Passaram-se 32 anos e a Escola continua priorizando Educação Infantil sempre buscando novas metodologias, que possam atender as reais necessidades das crianças nesta faixa etária, atualmente atende 150 alunos de 04 a 05 anos nos turnos matutino e vespertino. Embora a Escola pertença a uma Entidade Filantrópica que mantém convênio com a Prefeitura Municipal, a escola é normalizada pelo Conselho Municipal de Educação, desde sua estrutura física à metodologia utilizada.

Projeto Investigativo e Educação Infantil na Escola Municipal Leôncio Pires Dourado:

Nos tempos atuais, com as novas tecnologias e a rapidez como chegam às informações através da Internet, tem levando os educadores a refletirem a respeito de como será a nova escola, como conseguiremos preparar as novas gerações para viver e atuar num mundo em constantes mudanças. Que tipos de escola querem organizar? Tendo como norte este questionamento, foi pensada e sistematizada uma reforma na metodologia tradicional usada, que pudesse atender as reais necessidades da sociedade atual. Dando os primeiros ensaios através da Pedagogia de Projetos, partindo da interdisciplinaridade, através do planejamento mensal utilizando o eixo temático e o tema gerador, faz-se necessário um olhar especial para pesquisas científicas, utilizadas de certa forma nas Feiras de Ciências realizadas pela Escola.
A prática sem a teoria é impraticável, por isso, é essencial para qualquer ação pedagógica está fundamentada na idéias de alguns teóricos, que de certa forma serão o pano de fundo da proposta pedagógica.
Segundo Emilia Ferreiro (2001, P.20) “As crianças chegam á escola sabendo várias coisas (...) É preciso avaliá-las para determinar estratégias para a sua alfabetização”. Nesta ação torna-se imprescindível à formação do educador e principalmente a sua visão de educação. Neste mesmo sentido Freire (2001, p.21) coloca que “é preciso por fim a educação bancaria, em que o professor deposite em seus alunos os conhecimentos que possui’. Ele deve sim se comportar como um animador cultural num ambiente adequado em que todos aprendam em comunhão”.
E como criar condições para que o educando possa construir e reconstruir seu conhecimento, utilizando métodos tradicionais, mesmo usando tecnologias, é preciso que o educador possa ter um novo recomeço na sua prática educativa.
Conforme Jean Piaget (2001 p.23).”E na relação com o meio que criança se desenvolve, construindo e reconstruindo suas hipóteses sobre o mundo que a cerca” nesta mesma linha de pensamento Vigotsky chama a atenção para a importância da interação social para o desenvolvimento e aprendizado da criança. “O aprendizado é essencial para o desenvolvimento do ser humano e se dá, sobretudo pela interação social. (VIGOTSKY 2001, p.36)”. Este aprendizado seguramente começa na Educação Infantil, onde as crianças têm o primeiro contato com o universo escolar e neste acontecerá sua interação social ao conviver com outras crianças, partilhando seus saberes adquiridos na família, que é o primeiro grupo social que o ser humano convive. É importante que o educador possa fazer deste ambiente escolar, um local de formulações de hipóteses, onde as crianças façam suas próprias descobertas, sendo o educador o orientador deste novo caminho. Nesta mesma linha afirma:

A noção de professor precisa ser totalmente revista, sem recair em preciosismos importados de fora. O conceito desmistificado de pesquisa admite considerar pesquisador também quem tem apenas graduação, até porque pesquisa bem compreendida – é possível e necessária já no pré-escolar (DEMO, 2000 p.48).

Nesta linha a escola é seguramente a instituição social, sobre a qual recai uma das mais difíceis e complexas tarefas; educar as mais diversas gerações para o convívio social saudável, relacionando-a com o meio em que vive para a construção do seu caráter tornando-o critico, capaz de construir sua própria história, e a Educação Infantil é sem dúvida o pilar desta construção.
Atualmente existe muita preocupação em trabalhar com Pesquisa Científica a partir do ensino fundamental, por se tratar de um tema difícil de colocar em prática, pois os educadores em sua maioria, apesar de terem curso superior não sabem como lidar com este fazer pedagógico. Pergunta-se: mas como construir conhecimento sem dar ao educando a possibilidade de pesquisar e vivenciar os problemas inerentes a sua realidade?
Quando foi pensando e sistematizado pelos educadores, uma metodologia que implicasse na pesquisa científica na escola, apriori pensou-se apenas no Ensino Fundamental, onde esta ação seria mais fácil, pois os educandos têm domínio de leitura e da escrita. Surge então outro questionamento: agindo desta forma não se comentaria o mesmo erro, de décadas anteriores onde só se trabalhava com pesquisa a partir da Educação superior? Por que não iniciar pela educação infantil onde os educandos estão na fase de curiosidade, na idade dos porquês, que são primordiais para ser um bom pesquisador.

Talvez se possa estranhar, mas isso começa no pré-escolar, compreendido de 0 a 6 anos de idade, porquanto mais do que ninguém a criança, vindo ao mundo, coloca-se em estado estrutural de descoberta e criação. Tudo é novo chocante, e exige dela constante aprender, principalmente aprender a aprender. (DEMO, 2000. p 82)


Com essas idéias inovadoras de pesquisar, a escola começou a modificar as suas metodologias didáticas, partindo do modo de planejar. Surge-se então o trabalho interdisciplinar a partir do eixo temático e do tema gerador do mês, onde todas as modalidades educativas eram envolvidas principalmente a Educação Infantil, foi criada também uma tarefa interdisciplinar denominada roteiro de atividades, onde de certa forma os educandos eram levados a pesquisar, pois a mesma contempla as disciplinas em uma única tarefa, todas objetivando despertar a curiosidade nos educandos.
A preocupação era buscar uma nova forma de aprender, colocando o educando no centro do trabalho, ajudando-o a aprender a aprender, ou a investigar para aprender. Esta mudança fugia da forma tradicional centrada no professor e tão questionada por Freire, cuja teoria serviu como embasamento teórico para a definição da visão filosófica da Escola.

Construindo a Projeto Investigativo Na Educação Infantil

A característica principal do trabalho com pesquisa científica é o interrogar, que requer uns olhares construtivos do educador, que é o orientador desta reconstrução, possibilitando ao educando instrumentos e situações didáticas que favoreçam a participação e descobertas. Como afirma Franco (1989) “O professor não modifica ninguém, o aluno é que se modifica quando aprende”.O trabalho com pesquisa, por meio de projetos favorece a formação do educando, desenvolvendo o raciocínio e a reflexão.
“A pedagogia da pergunta deve substituir a pedagogia das certezas, dos saberes pré-pensados, das verdades definitivas” (Freire 1992). Essa metodologia deve permitir ao aluno construir e buscar respostas para suas hipóteses formuladas a partir de problemas inerentes a ao meio em que vive. O papel do professor será orientar os alunos a buscar caminhos e a produzir o conhecimento dentro do seu contexto próprio, partindo do que já sabem, dos saberes do senso comum (Martins.p.23). Esse fazer didático só é possível se subsidiar o educador, partindo da teoria ao acompanhamento das ações. Quando se fala em escola subtende-se o todo e não apenas uma modalidade de ensino, como iniciar o trabalho com pesquisa a partir do Ensino Fundamental, se a base da educação e a Educação Infantil.
Essa nova forma de trabalhar faz do aprender algo dinâmico, por parte de educadores e educando. Afirma Martins (2007, p 18) “Projeto investigativo é aquilo que alguém se propõe a realizar, na escola, pela pesquisa, de forma bem explicitada e bem estruturada, em etapas, prazos, com metodologia própria, estratégias, coleta de dados, análise, comprovação e deduções, para alcançar determinados resultados”.
Mas quando se trata da Educação Infantil e preciso desmistificar alguns mitos no que tange ao desenvolvimento da criança, onde alguns profissionais as consideram como seres passivos, fruto do meio social. Os avanços do conhecimento cientifico permitem olhar as crianças como ser ativo e interativo. Na pratica isso significa que a criança tem, desde bebê, uma condição de se apropriar de sensações e informações, significados e intenções, que requerem do profissional da Educação Infantil conhecimento teóricos para atuarem nestas series iniciais. Concernentes a pesquisa desde educação infantil

[...] menciona que o pré-escolar se destina a isso, se compreendermos como lugar estratégico de conquista da autodeterminação, através de cuidados assistenciais, da estimulação psicossocial, do jogo e da educação como tal. Aí já temos, em pleno sentido, educação política, processo emancipatório, dos quais faz parte a pesquisa. E é neste espaço mágico que o educador deve motivar o processo emancipatório radical, a partir do qual se elabora nova personalidade, novo sujeito social, nova cidadania de base (DEMO 2000 p. 82).

Nesta perspectiva foram dados alguns passos importantes para a implantação do Projeto Investigativo a partir da Educação Infantil;
1 – Capacitação para os educadores da Educação Infantil. Tema: Como desenvolver pesquisa cientifica na Escola.
2 – Reforma na metodologia das Feiras de ciências da Escola.
3 – Definição do Tema da Feira de Ciências de 2007. .(O homem do século XXI).
4 – Acompanhamento sistemático do trabalho dos docentes e discentes pela Direção da Escola.
5 – Elaboração de um instrumento que possibilitasse os educadores e educando, sistematizarem seu trabalho com pesquisa.
6 – Definição dos critérios a serem avaliados.
7 – Culminância –Apresentação do resultado da pesquisa cientifica para a comunidade externa e interna.
O projeto Investigativo na visão das educadoras da Educação Infantil:

Para analises da implantação da metodologia da pesquisa na Educação Infantil, foram realizados depoimentos por escrito das quatro educadoras que trabalham no estabelecimento de ensino. Os pontos a serem destacados foram:

1- Pontos positivos.
2- As dificuldades encontradas
3- Envolvimento da família
4- Participação dos educandos
5- Atuação do educador como orientador
6- Participação das empresas

Em relação aos pontos positivos as educadoras destacaram, que através da pesquisa cientifica a aprendizagem na escola tornou-se mais rica e significativa, como também a relação entre os educadores, pois nesta ação didática é fundamental a participação de todos.
Outro ponto citado foi que com esta nova metodologia as crianças tornaram-se mais autônomas, apesar de ainda não terem o domínio da leitura e da escrita, demonstraram curiosidades à cerca dos problemas inerentes ao seu cotidiano. A professora “Odinéia Fontinele destaca que ao trabalharmos com pesquisa cientifica na educação infantil todos os aspectos que favorecem a aprendizagem são estimulados. Ex: raciocínio, criatividade, inteligência emocional”.
No que tange as dificuldades, todas foram unânimes, que ao ser lançada a idéia deste novo fazer pedagógico, aconteceu um grande choque, pois os educadores são herdeiros de uma educação sem pesquisa, o que de certa forma os fez continuar foi à capacitação oferecida pela escola, e a pratica da pedagogia de projetos utilizada há seis anos na mesma. “Os nossos encontros pedagógicos na escola, favorece para que possamos trabalhar com mais qualidade, competência e compromisso diante da pesquisa. Ana Javes Queiroga (professora da Educação Infantil)”.
Outro ponto destacado pelas educadoras foi à atuação do educador como um orientador na construção do conhecimento através da pesquisa como afirma a professora Silvany: “A atuação do educador como orientador é fundamental, pois o professor orientador deve esta presente em todas as etapas da pesquisa com seus alunos, o mesmo vai trançando metas a serem desenvolvidas pelas crianças, não esquecendo de observar a questão ética, e segurança”.
No seu depoimento a professora Eva Jarbes Cruz descreve: “Durante o processo e desenvolvimento do projeto as famílias foram envolvidas, colaborando com a busca de patrocínios e auxiliando seus filhos nas dificuldades”. Este depoimento retrata de certa forma a opinião das demais, no que se refere à participação das famílias, que foi o ponto principal para o sucesso da nossa I amostra de ciências, utilizando a pesquisa cientifica, visto que as crianças são pequenas e necessitam muito do apoio dos pais, que podem auxiliá-los na pesquisa como também na construção de materiais. Nesta ação didática é primordial o envolvimento não só das pessoas que integram a escola, mas das empresas, pois durante a confecção do projeto investigativo, como também na culminância, necessita de recursos tais como fotos, panfletos, baners, diários de bordo, que de certa forma seria um obstáculo, já que a clientela é de família de baixa renda (Escola Pública), na opinião da professora Silvany “As empresas aos poucos estão integrando-se nesse processo de desenvolvimento junto à escola. Pois apostam num ensino de qualidade, pois no futuro estas crianças poderão fazer parte do seu quadro de funcionário. ´”. Um dos pontos principais desta nova metodologia, e a culminância do projeto, onde há a participação da comunidade, além de certa forma prestigia e estimula os educadores e os pesquisadores mirins. A professora Odinéia Fontinele ressalta: “É o momento de mostrar na prática como se estar aprendendo”.

Considerações

A educação tem por finalidade contribuir para a formação do homem pleno, inteiro, uno, cada vez mais, competente e integrado ao meio, que seja capaz de pesquisar sobre os problemas pertinentes a sua realidade e ao mundo, produzindo conhecimentos novos que possam solucionar problemas atuais e futuros.
Podem-se identificar ações concretas e objetivas neste sentido através dos depoimentos das educadoras da escola, que retratam os avanços com a implantação da pesquisa científica a partir da educação infantil, como também a reação dos educadores diante desta nova realidade que de certa forma causou medo e ansiedade na comunidade escolar, que soube ir além, e quebrar um paradigma de várias décadas de educação reprodutora.
Verifica-se, por conseguinte que de uma simples idéia de um novo fazer pedagógico, a interdisciplinaridade, embasados numa visão filosófica de transformação, a escola deu um largo passo na formação deste homem antenado com este mundo capitalista e globalizado através da Internet ao implantar através do seu PPP (Projeto Político Pedagógico) a pesquisa cientifica a partir da educação infantil no ano de 2007.
Sabe-se que toda inovação gera resistência, sobretudo quando se trata da Escola Pública, onde os problemas tornam-se maior diante da falta de autonomia financeira, mas o ponto chave para o sucesso é levar em conta a cultura dos grupos, onde a proposta é implantada, pois não se trata apenas de uma mudança de metodologia, mas de postura como educador. Deste modo, privilegia-se a prática de uma educação em que educadores e educandos se visualizem por inteiro no processo, estabelecendo-se uma mudança de atitude a respeito da formação do homem, das quais fazem parte, os aspectos afetivos, físicos, mentais e éticos, sempre alicerçados no pilar aprender a aprender, que será desenvolvido com pesquisa cientifica.

REFERÊNCIAS

FREIRE, Paulo, Pedagogia da Autonomia: saberes necessários á prática educativa. 12 ed. São Paulo: Paz e Terra, 1992 (coleção leitura)
DEMO, Pedro, Principio Científico e Educativo. 7 ed. São Paulo: Cortez, 2000.
DEMO, Pedro, Educar pela Pesquisa. 7 ed. São Paulo: Cortez 1996.
FERREIRO, Emilia. Com todas as Letras. 1 ed. São Paulo: Cortez, 2001.
FREINET, Celestin. Uma Escola Ativa e Cooperativa. Nova Escola. n 139, p.23, janeiro-fevereiro.2001.
MARTINS, Jorge Santos. O trabalho com projetos de pesquisa: Do ensino fundamental ao ensino médio. 5 ed. São Paulo. Papirus (coleção Educação) 2001.
VyGOTSKY, L. - A formação social da mente. SP, Martins Fontes, 2001.
VyGOTSKY, L. - Pensamento e linguagem. SP, Martins Fontes, 1988.
FRANCO, Edson (1989). Aprender a aprender. Letras n 52. Porto Alegre: PUC.
BRASIL, Ministério da Educação e do Desporto. Secretaria de Educação.Fundamental. Referencial curricular para a educaçao infantil: ampliação do universo cultural. Brasília: MEC, 1998.
PIAGET, Jean. Da experiência Nasce o Conhecimento. Nova Escola. n 139, p,23. janeiro-fevereiro. 2001.
P.P.P. (Projeto Político Pedagógico da Escola Municipal Leôncio Pires Dourado ( triênio 2005,2006,2007).

ARTIGO CIENTIFICO - A INCLUSÃO DA INICIACAO A PESQUISA CIENTÍFICA NO CURRÍCULO DE ENSINO DAESCOLA MUNICIPAL LEÔNCIO PIRES DOURADO

RESUMO

A educação é fator primordial para o desenvolvimento de uma nação, é nas Instituições de Ensino, onde se percebe na prática o que foi construindo ou pensado pela sociedade. Sendo esta norteada pelo Currículo de Ensino. O presente artigo cuja temática “A Inclusão da Iniciação a Pesquisa Científica no Currículo de Ensino da Escola Municipal Leôncio Pires Dourado” aborda as trilhas percorridas por esta, para Inclusão de Projetos Investigativos no seu Currículo de Ensino, tendo como fundamentação teorica os Parâmetros Curriculares Nacional.

Palavras Chaves: Educação – Currículo de Ensino – Projetos Investigativos – Iniciação a pesquisa cientifica – Parâmetros Curriculares.

ABSTRAT

A educação é fator primordial para o desenvolvimento de uma nação, é nas Instituições de Ensino, onde se percebe na prática o que foi construindo ou pensado pela sociedade. Sendo esta norteada pelo Currículo de Ensino. O presente artigo cuja temática “A Inclusão da Iniciação a Pesquisa Científica no Currículo de Ensino da Escola Municipal Leôncio Pires Dourado” aborda as trilhas percorridas por esta, para Inclusão de Projetos Investigativos no seu Currículo de Ensino, tendo como fundamentação teorica os Parâmetros Curriculares Nacional.




1 INTRODUÇÃO

Quando se fala em educação vislumbra-se de imediato a imagem de um prédio, dividido em salas de aulas, atendendo alunos de varias faixas etárias, professores ensinando, objetivando formar indivíduos para atender a sociedade. Mas o que passa despercebido pela maioria das pessoas, até mesmo de educadores é o que há por traz de toda essa organização, que defini o horário de entrada e saída, a carga horária de cada disciplina, a forma da escola de conceber a aprendizagem onde estão embutidos os métodos, técnicas, e as formas de avaliação.
O presente artigo científico aborda o papel do Currículo de Ensino, em cada época pedagógica vivenciada na educação brasileira. Aborda ainda as varias concepções do currículo, e a importância dos Parâmetros Curriculares Nacionais – Pcns, na mudança da pratica educativa da Escola Leôncio Pires Dourado.
Além dessas abordagens, descrevem-se as etapas didáticas utilizadas por esta Escola, em busca de uma escola ativa onde o aprender fosse significativo e prazeroso, que culminou com a Introdução da Iniciação á Pesquisa Científica no Currículo de Ensino desta Unidade de Ensino Público Municipal.

2 CONCEITUANDO CURRÍCULO

Há inúmeras conceituações: literal etimológico, pedagógico, legal. Literal etimológico do latim “curriculum” e do grego “Kurrikulu” = ato de correr, jornada, continuidade.
Por volta de 1865, o termo currículo significava: uma pista de corrida em curso geral. E em 1955 aparece como: um conjunto de curso ensinado numa instituição.
Pedagógico – na concepção tradicionalista era praticamente sinônimo de ciclo didático, programas de ensino, disposição de disciplina em quadro com suas respectivas cargas horárias.(plano de estudo ou grade curricular).
Currículo é tudo o que acontece na vida de uma criança, na vida de seus pais e de seus professores. Tudo o que cerca o aluno, em todas as horas do dia, constitui matéria para currículo, isto é currículo é o ambiente em ação.
O termo currículo é encontrado em registros do século XVII, sempre relacionado a um projeto de controle do ensino e da aprendizagem, ou seja, da atividade prática da escola. Desde os seus primórdios, currículo envolvia uma associação entre o conceito de ordem e método, caracterizando-se como um instrumento facilitador da administração escolar. A história do currículo se confunde com história da escola.
Os elementos constantes nas construções de currículo são: Objetivos processos ensino-aprendizagem; instituição e pessoal. De forma ampla ou restrita o currículo escolar abrange as atividades desenvolvidas dentro da escola.
Legal – É a totalidade das experiências de aprendizagem planejadas e patrocinadas pela escola.
De acordo com a lei 9.394/96, Art. 26 – os currículos do ensino fundamental e médio devem ter uma base nacional comum a ser complementada em cada sistema de ensino e estabelecimento escolar, por uma parte diversificada, exigida pelas características regionais e locais da sociedade, da cultura, da economia e da clientela.
Quando elaboramos um curriculum vitae, explicita nossa carreira da vida, ou seja, nosso percurso de vida.
Pedra (1997) conceitua currículo como a representação da cultura no cotidiano escolar, o modo pelo qual se selecionam, classificam, distribuem e avaliam conhecimentos no espaço das instituições escolares.
Porém, Sacristán (1989) explica que o currículo é a ligação entre a cultura e a sociedade exterior à escola e à educação; entre o conhecimento e cultura herdados e a aprendizagem dos alunos, entre a teoria (idéias, suposições e aspirações) e a prática possível, dadas determinadas condições.
Percebe-se que a definição do que vem a ser currículo, varia de acordo com cada época vivenciada pela sociedade no setor educacional, ou seja, escola tradicional, currículo tradicional e conseqüentemente o seu conceito representarão todo o emarenado que envolve a organização educacional.

2.1 Níveis de currículo

→Currículo formal: é estabelecido pelo sistema de ensino ou instituição escolar. E chamado de currículo legal expresso em diretrizes curriculares, objetivos e conteúdos das aéreas ou disciplinas de estudo. É um conjunto de diretrizes normativas prescritas institucionalmente.(por exemplo: Parâmetros Curriculares Nacionais).
→Currículo real: acontece na sala de aula em decorrência de um projeto pedagógico e dos planos de ensino. Libâneo (2004, p.172) explica:
É a execução de um plano, é a efetivação do que foi planejado, mesmo que nesse caminho do planejar e do executar aconteçam mudanças, intervenção da própria experiência dos professores, decorrentes dos seus valores, crenças, significados. É currículo que sai da prática dos professores, da percepção e do uso que os professores fazem do currículo formal, assim como o que fica na percepção dos alunos.

Visto que, assim como educando o educador, traz consigo toda sua herança cultural que eventualmente serão demonstradas na sua atuação em sala de aula.
→Currículo oculto: São as influencias que de certa forma afetam a aprendizagem dos alunos e o trabalho dos professores que tem origem no meio social e vivenciados na própria escola. Libâneo (2004, p.172) descreve: “O currículo está oculto porque ele não é prescrito, não aparece no planejamento, embora se constitua como importante fator de aprendizagem”.
Percebe-se, portanto que os níveis do currículo se entrelaçam na prática dos docentes em sala, partem do que é normalizado pelo governo, em seguida pelo o que é elaborado e planejado na instituição de ensino e posto em prática no dia-a-dia do ambiente escolar, onde acontece à junção do currículo formal com os currículos real e oculto.

2.2 Concepções de organização curricular

Como se verá mais adiante uma pequena síntese abordando a organização curricular que de certa forma concretizam as intenções pedagógicas vivenciadas pela sociedade em cada etapa evolutiva.
→Currículo tradicional: é caracterizado pela organização do conhecimento por disciplinas, tem um caráter livresco e verbalista, o ensino é transmissivo e reprodutor, centrado no professor e na matéria.
Sobre o enfoque tradicional comenta Libâneo (2004 p.174):

O professor é o detentor da autoridade intelectual e moral (mesmo que não as tenha), o aluno um receptor de conhecimentos. O currículo é reduzido a um conjunto de disciplinas e de conteúdos a serem passados aos alunos, organizados numa grade curricular.

→Currículo racional-tecnológico (tecnicista): sua característica central é, que este é previamente prescritos por especialista, partindo de critérios científicos e técnicos, que irão contemplar os interesse do mercado na sociedade. A escola tem a função apenas de ensinar, sem preocupa-se com e por que ensinar. Em termos metodológicos referem-se à introdução no ambiente escolar dos aparatos tecnológicos, que atualmente é a informática e a mídia que precisarão para ser utilizado como instrumentos de aprendizagem de técnicas mais refinadas de transmissão. Como resume Libâneo (2004 p.175): “Diferentemente do cunho acadêmico do currículo tradicional, o currículo racional-tecnológico se firma na racionalidade técnica e instrumental, visando a desenvolver habilidades e destrezas para formar o técnico”.
→Currículo escolanovista (ou progressivista): Dá ênfase nas necessidades e interesse dos alunos, na atividade, no ritmo de cada um. O professor é o facilitador da aprendizagem e os conteúdos são retirados das experiências dos alunos. Este modelo de currículo está embasado nas idéias de John Dewey, que compreende a educação como um processo interno de desenvolvimento, de adequação ao meio, os conteúdos escolares não são colocados como verdades absolutas, valoriza-se a atividade de pesquisa do aluno, levando em conta o clima psicológico e social da sala de aula.
→Currículo construtivista: Está diretamente ligado as idéias de Jean Piaget e seus seguidores, tendo como ponto chave a crença no papel ativo do sujeito no processo de aprendizagem e, portanto, no desenvolvimento dos processos de aprendizagem ativa, daí organiza-se o currículo. O professor atua como facilitador da aprendizagem. De certa forma as idéias do Psicólogo Russo Vigotsky, também tem papel importante no currículo construtivista, visto que a maior parte dos educadores que trabalham com essa idéia são conhecidos como sociointeracionista, por que destacam o papel do meio, valorizando a cultura de todos para que ocorra o desenvolvimento cognitivo e social dos alunos.
No que diz respeito à função do currículo construtivista relata Libâneo (2004 p.177):
Uma das principais diferenças entre os vários construtivismos diz respeito ao papel da cultura, dos conhecimentos anteriores e do professor, o que remete, em última instancia ao papel do ensino na aprendizagem.

Ao organizar um currículo construtivista, deve-se levar em conta as etapas de desenvolvimento citadas por Piaget, que subsidiaram a escolha e sistematização dos conteúdos a ser trabalhado em cada série.
→Currículo sociocrítico (ou histórico-social): Nesta abordagem existem várias correntes, que algumas vezes divergem entre si, sendo que algumas valorizam as questões políticas no processo da formação, enquanto que outras colocam a relação pedagógica como mediadora na formação política. Na educação, precisamente na ação didática da escola objetiva desenvolver a capacidade do educando de aprender de forma ética e crítica. Prioriza-se a formação cidadã onde o educando está inserido na sociedade como ser ativo, capaz de transformar a sua realidade social. Neste olhar destaca Libâneo (2004 p.178):

Algumas correntes da abordagem crítica defendem um tipo de currículo mais informal, centrado na valorização de elementos causais, fortuitos, da convivência social na escola, minimizando ou até recusando um currículo formal.

Refletindo sobre esta idéia, sem os conceitos, a teoria e os conteúdos culturais sistematizado, ou seja, sem termos um norte denominado currículo e programas, os alunos dificilmente farão analises da realidade e não serão aptos a formular estratégias para sua atuação.
→Currículo integrado ou globalizado: Este currículo tem como percussores os autores espanhóis (Torres Santomé, Hernandez, entre outros), destacando a importância da interdisciplinaridade. As idéias que norteiam este modelo curricular são: buscar a integração de conhecimento e experiências que facilitem uma compreensão mais reflexiva e critica da realidade, como também ressaltar, ao lado dos conteúdos culturais, o domínio dos processos necessários ao acesso aos conhecimentos e, simultaneamente, a compreensão de como produzem, se elaboram e se transformam esses conhecimentos, ou seja, o aprender a aprender (Torres Santomé, 1989). Resumindo na prática este modelo de currículo, envolve várias práticas educativas que possam ajudar no processo de ensino-aprendizagem, a escola é um local de reconstrução do conhecimento, utilizado o método de projetos. A esse respeito Libâneo (2004, p.180) enfoca:

Com essa orientação, pretende-se que, no currículo em ação, se preste atenção a tudo o que acontece na escola, nas aulas, inclusive naquilo que não foi previsto pelos professores, no currículo oculto, nas várias experiências de aprendizagem tipo biblioteca, visitas, vídeos, laboratórios. Incorpora-se também neste modelo, o valor da atividade do próprio sujeito na aprendizagem, a ligação dos conteúdos culturais com a realidade, a vivencia cultural dos alunos, a seleção de experiências de aprendizagem verdadeiramente interessantes, a importância dos processos mentais na aprendizagem (observação, comunicação, análise, síntese, classificação, tomada de decisões, comparação, etc), a interdisciplinaridade.

Desta forma o educador deve utilizar todos os lugares da escola, como também todos os momentos para desenvolver a ação de educar.
→ Currículo como produção cultural:os autores que defendem este modelo de currículo, vêem a escola como uma reprodutora do poder político, critica também a forma como são construídos os saberes escolares, sempre com um olhar analisador a cerca da sistematização dos conteúdos do currículo, que na concepção deles, privilegiam a classe burguesa, deixando de fora a classe dos oprimidos. Neste panorama, na esfera da escola e do currículo, deve-se acolher a diversidade, das diferenças, á diversificação da cultura escolar. Sobre a concepção deste modelo de currículo esclarece Libâneo (2004 p.183):

Além disso, não fica suficientemente esclarecida nessa proposta a forma pela qual os professores transformam as análises dos fundamentos sociais e culturais do currículo em práticas de sala de aula nas suas matérias. Eu sei que os professores precisam compreender as formas pelas quais o conhecimento escolar se constitui e em que grau as relações sociais na sala estão impregnadas de relações de poder. Mas, daí, como se realiza o trabalho efetivo de ensino? Qual é a contribuição desses autores sobre as condições de provimento de melhores situações de aprendizagem, de recursos eficazes de promoção de aprendizagens mais sólidas e duradouras pelos alunos.

Esta citação de Libâneo, de certa forma se adequar à inquietação de alguns educadores, visto que não adianta romper com poder, no que tange a confecção do currículo nacional, e sim demonstrar meios para que o aluno possa construir seu conhecimento de forma critica e reflexiva, sem no entanto acumular déficit de conteúdos.

2.3 Tipos de currículo

Os tipos de currículo estão diretamente ligados às concepções e a visão de alguns teóricos sobre o que é ensino, qual o verdadeiro papel da educação em épocas distintas de modos e costumes vividas pela sociedade, ou seja, a sistematização do currículo tem como pano de fundo, as crenças, os anseios de um povo, que são colocados em prática na escola, envolvendo os métodos e as técnicas a serem utilizados para a transmissão de conhecimento de geração para geração.
→Currículos fechados: É caracterizado por disciplinas isoladas, inscrito numa grade curricular, os objetivos e os conteúdos são determinados, a escola não tem autonomia para tomar decisões, apenas seguem o que foi prescrito no currículo, não é levado em conta os saberes e competências dos profissionais da educação.
→Currículos abertos: Tem como norte a interdisciplinaridade, que é um dos elementos utilizados pela escola, para favorecer a integração da aprendizagens e os saberes que serão úteis ao educando para lidar com questões e problemas da realidade. Todos os segmentos da escola, têm vez e voz na definição dos temas geradores a ser desenvolvido, tem mais flexibilidade no que diz respeito aos conteúdo, estes podem ser organizado por aéreas de conheci-mento.
Sobre o resultado prático da interdisciplinaridade explica Libâneo (2004 p.185):
É o estabelecimento de ligações de complementaridade entre as matérias escolares, de modo que os conhecimentos, procedimentos, atitudes sejam integrados na estrutura mental do aluno. Alguns princípios que norteiam a interdisciplinaridade são: Ter como referencia o sujeito que aprende e sua relação com o saber; Suscitar e garantir processos integradores e apropriação de saberes enquanto produtos cognitivos dos alunos; Estabelecer ligações entre teoria e prática; Estabelecer ligações entre os pontos de vista distintos acerca de um objeto de conhecimento; Fazer o caminho entre a especialização disciplinar e a integração interdisciplinar e vice-versa.


Deste modo, o currículo fechado, representa as idéias da abordagem curricular tradicional, tecnicista, enquanto que o currículo aberto representa o movimento por uma escola nova, onde se notam fragmentos de currículos ligados às idéias de psicólogos, sociólogos, antropólogos, como o currículo construtivista, sociocrítico, integrado ou globalizado, currículo como produção cultural, que são permeados de idéias sociais e de renovação pedagógica, que foram responsáveis, não só pela mudança da compreensão do ato de aprender, mas de grandes reformas educacionais, como a implantação da nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação- lDB, que norteiam todo os caminhos a serem percorridos no Brasil no âmbito educacional.

3 O PAPEL DOS PARÂMETROS CURRICULARES NACIONAL

Atualmente a escola é considerada autônoma, podendo planejar e desenvolver ações educacionais inerentes a sua realidade, visto que cada escola tem sua própria cultura. Mas para que esta ação exista, tem quer ter subsídios teóricos e legais que as sustentem dando-lhes credibilidade.
Os Parâmetros Curriculares Nacional foram formulados pela Secretaria de Educação Fundamental do Ministerio de Educação e Cultura - MEC, como o objetivo de orientar o currículo em âmbito nacional, visando com isto uma educação de qualidade, onde todos os segmentos da sociedade possam se envolver. Em domínio estadual ou municipal deverão dispor de uma proposta curricular que servira para normalizar as instituições de ensino.
Libâneo (2004, p.198) menciona a o papel dos PCNs na organização curricular:

Os Pcns são, pois uma referencia, um ponto de partida, para que se possam articular objetivos e conteúdos com a cultura das escolas e das salas de aulas envolvendo tudo o que um documento geral como esse não pode e não deve prever: a diversidade regional, as decisões do professor, a dinâmica das interações em sala de aula, o currículo oculto, a adequação aos local de conteúdos, o significado social dos conteúdos, as práticas de avaliação, os desenvolvimentos metodológicos.

Obviamente que os Pcns são guias, que oferecem situações novas de orientações pedagógicas e curriculares que subsidiaram os professores nesta nova proposta educacional nacional, que são resultados de movimentos de teóricos e educadores por uma educação mais humana e para todos sem distinção de raças, credos ou condição financeira.

3.1 Os PCNs e a organização curricular

Os parâmetros curriculares nacional definem a sistematização do currículo nacional, tendo em vista as aéreas e disciplinas especificas dentro de um todo, além de organizar a escolaridade por ciclos. Como diz o documento:

A concepção da área evidencia a natureza dos conteúdos tratados, definindo claramente o corpo de conhecimentos e objeto de aprendizagem, favorecendo aos alunos a construção de representações sobre o que estudam. Essa caracterização da área é importante também para que os professores possam se situar dentro de um conjunto definido e conceitualizado de conhecimentos que pretendam que seus alunos aprendam, condição necessária para proceder a encaminhamentos que auxiliem as aprendizagens com sucesso.

Fica difícil de imaginar uma escola, que seja autônoma em todos os sentidos, que possa fazer seu próprio currículo, pois causaria prejuízos aos educandos ao transferir-se para outra instituição, portanto um norte sistematizado pelo governo federal torna-se imprescindível para uma melhor organização em termos gerais, desde que possibilitem as escolas inserirem no mesmo sua cultura.
Neste sentido os PCNs, dispõem dos temas transversais que se referem às questões cotidianas dos educandos, podendo a escola desenvolver projetos interdisciplinares, cujo tema girará em torno de um único eixo.
De acordo com os PCNs, os temas transversais são assim definidos:

Um conjunto de temas que aparecem transversalizados nas áreas definidas, isto é, permeando a concepção, os objetivos, os conteúdos e as orientações didáticas de cada área, no decorrer de toda a escolaridade obrigatória. (Brasil, 1998, p.52)

Portanto, através da interdisciplinaridade a escola poderá de certa forma introduzir o currículo oculto, como também os problemas sociais atuais, dentro do currículo oficial, com isso acrescentando algo mais ao ato de aprender, que se tornará criativo e ético.

3.2 Os PCNs e o ensino fundamental

O Plano Decenal de Educação, a luz da constituição de 1998, afirma a necessidade e a obrigação do Estado em sistematizar parâmetros, no campo curricular, para orientar os Ensino Fundamental, objetivando uma melhoria nas escolas brasileiras.
A Lei Federal n 9.394, de 20/12/96 inclusa na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, determina como competência da União estabelece, em colaboração com Estados, Distrito Federal e Municípios, diretrizes norteadora dos currículos e seus conteúdos mínimos, de modo a assegurar uma formação básica comum.
O objetivo principal dos Parâmetros Curriculares é contribui para a construção da unidade, garantido o respeito à diversidade cultural da nação.
De acordo com os Parâmetros Curriculares Nacionais (1998 p.50):

Assim é importante que haja parâmetros a partir dos quais o sistema educacional do país esteja organizado, a fim de garantir que, para além das diversidades culturais, regionais, étnicas, religiosas e políticas que atravessam uma sociedade múltipla e complexa, estejam também garantidos os principio democráticos que definem a cidadania.

Deste modo, estes referenciais além de normalizar o ensino no país, dar oportunidade aos Estados e Municípios de formularem seus próprios currículos, valorizando suas crenças, costumes, obedecendo apenas no que diz respeito às áreas comum.
Os Parâmetros Curriculares Nacional apresentam diretrizes gerais para a organização dos currículos do ensino fundamental e médio:
→Devem abranger, obrigatoriamente, o estudo da Língua Portuguesa e da Matemática, o conhecimento do mundo físico e natural e da realidade social e política, especialmente do Brasil;
→o ensino da arte constituirá componente curricular obrigatório, nos diversos níveis da educação básica, de forma a promover o desenvolvimento cultural dos alunos;
→a Educação Física, integrada á proposta pedagógica da escola é componente curricular da educação básica, ajustando-se às faixas etárias e às condições da população escolar, sendo facultativa nos cursos noturnos.
→o ensino da História do Brasil levará em conta as contribuições das diferentes culturas e etnias para a formação do povo brasileiro, especialmente das matrizes indígena, africana e européia;
→na parte diversificada do currículo será incluído obrigatoriamente, a partir da 5◦ série, o ensino de pelo menos uma língua estrangeira moderna, cuja escolha ficará a cargo da comunidade escolar, dentro das possibilidades da instituição.
As áreas de conhecimento são importantes para o desenvolvimento psicossocial do educando, pois não abrangem apenas conteúdos, mas possibilitam aprender através de estudos sobre o cotidiano.
A concepção de ensino e aprendizagem representa uma nova pedagogia, onde o conhecimento não é algo construído fora do contexto, e tampouco individualmente, e sim alicerçado por uma construção em grupo e dentro da realidade. A abordagem construtivista reafirma a importância do educador como facilitador e orientador da aprendizagem e o educando como construtor do seu conhecimento. A aprendizagem a ser construída nas escolas devem ser significativas, estabelecendo relações entre os conteúdos escolares e os conhecimentos construídos.

4 A INICIAÇÃO A PESQUISA CIENTÍFICA NO ENSINO FUNDAMENTAL E O CURRÍCULO

Em relação à introdução a pesquisa cientifica no ensino fundamental, não tem nada explícito que possa normalizar esta prática a nível nacional, estadual ou municipal. A escola Municipal Leôncio Pires Dourado é normalizada pelo Conselho Municipal de Educação, que segue as diretrizes do currículo nacional. O mesmo determina apenas os conteúdos, metodologia, avaliação a serem seguidas pelas escolas públicas municipais, dando ênfase ao construtivismo, dando autonomia às escolas de organizarem seus Projeto Político Pedagógico – P.P.P., que nortearam as ações em todos os campos (pedagógico, financeiro, administra-tivo) das instituições de ensino.
A proposta de trabalho com pesquisa cientifica no ensino fundamental está embasada nos princípios da educação divulgados pela Unesco:
 .Aprender a conhecer;
 .Aprender a fazer;
 .Aprender a viver com os outros;
 .Aprender a ser.
Está também apoiada no artigo 32, incisos I a IV, da Lei de Diretrizes e Bases, que reforçam o direito constitucional do aluno em relação à sua formação básica, para que, como cidadão:
 .Possa desenvolver a capacidade de aprender;
 .Possa compreender o ambiente natural e social onde vive;
 .Possa desenvolver sua capacidade de aprendizagem;
 .Possa fortalecer os laços de solidariedade e de relações interpessoais.

Esta nova metodologia de construção e reconstrução do conhecimento tem como suporte teórico às idéias de Hernández que detalha a organização de projetos como estratégias de aprendizagem, Demo 1993; 1998a, (1998b) e Bagno (1999).
Pedro Demo (1998,p 2) afirma, categoricamente:
a pesquisa na escola é uma maneira de educar e uma estratégia que facilita a educação (...) e a consideramos uma necessidade da cidadania moderna. (...) Educar pela pesquisa é um enfoque propedêutico, ligado ao desafio de construir a capacidade de reconstruir, na educação básica e superior...(...) É um desafio voltado para considerar a pesquisa como maneira de educar.

Ele considera a pesquisa indispensável para a formação do educando, pois a mesma é a fonte do conhecimento, é a forma de reconstruir o conhecimento, manter a inovação como um processo permanente, para ser a base do saber pensar.
Para Perini (1996, p.31) “o estudante brasileiro é tipicamente diferente, submisso á autoridade acadêmica, convencido de que a verdade se encontra, pronta e acabada, nos livros e na cabeça das autoridades”. O que deixa bem claro que os estudantes são resultados de um ensino sem pesquisa.

5 A INTRODUÇÃO DA PESQUISA CIENTIFICA NO CURRÍCULO DE ENSINO DA ESCOLA MUNICIPAL LEÔNCIO PIRES DOURADO

A idéia da implantação da Iniciação á pesquisa científica nesta Escola teve origem há dois anos, sendo que realizamos a I Amostra de Ciências, com esta metodologia em novembro de 2007 onde foram apresentados a comunidade 28 projetos científicos desenvolvidos pelos alunos da educação infantil, ensino fundamental e educação de jovens e adultos envolvendo problemas inerentes a escola e a cidade de Imperatriz-ma. Porém toda essa inovação no nosso fazer pedagógico, requer um detalhamento mais preciso:
1-Construção do Projeto Político Pedagógico, com a participação dos segmentos da escola, onde foi defendidas a proposta de se trabalhar com a Pedagogia de Projetos.
2- Sistematização do planejamento, partindo de um eixo temático e um tema gerador. Idéia esta apoiada nos Parâmetros Curriculares Nacionais, que propõem que as escolas construam “um currículo baseado no domínio de competência e não no acúmulo de informações”, enfatizando ainda que “o que se ensina deve ter vínculo com os diversos contextos da vida do aluno”. Deste modo então a escola deve conectar o que se ensinam a problemas, fatos reais, permitindo ao educando realizar-se como cidadão.
3 – Capacitação dos docentes sobre pesquisa cientifica.
Nas primeiras experiências com este trabalho, foi orientado aos educadores e educandos a realizar estudos relacionados como os temas transversais propostos pelos PCNs, como saúde, ética, cidadania, pluralidade cultural, sexualidade, relações interpessoais. Esta orientação deu-se pela experiência desta Escola em trabalhar com eixo temático que é ligado aos temas transversais e um tema gerador retirado de problemas ou datas importantes para a comunidade.
Esta ação pedagógica está moldada no projeto político pedagógico e na visão filosófica, que foram fomentados nos seguintes questionamentos: que tipo de homem querem formar, que tipo de sociedade querem ajudar a construir?.
O ponto chave da implantação desta proposta partiu de um planejamento organizado e participativo, onde todas as disciplinas cruzam-se entre si, transformando unidades de ensino em pequenos projetos interdisciplinar, cujos temas ou assuntos serão escolhidas pelos educadores da realidade vivida pelos alunos ou de interesse deles, ou podem ser retirados de conteúdos previsto para o mês ou bimestre. Segundo Turra (1975) “Planejamento é um conjunto de ações coordenadas entre si, que concorrem para a obtenção de um certo resultado desejado”. Este conceito retrata de certa forma o ponto chave da implantação desta metodologia que revolucionou o espaço escolar.
Martins (2007, p.49) reforça que qualquer escola que deseja implantar a proposta do trabalho com pesquisa científica no ensino fundamental deve objetivar fundamentalmente:

.Desenvolver na escola o uso de um método de estudo cativante, extremamente útil e de fácil aplicação dentro da sala de aula; orientar os professores na organização e no desenvolvimento de miniprojetos de investigação que levem os alunos ao melhor conhecimento dos fatos da realidade perceptiva; propor situações problemas ou temas que funcionem como impulsionadores e motivadores na descoberta de novos conhecimentos; transformar a sala em laboratório, onde tudo deve ser ;questionado, analisado e avaliado; estimular professores a dinamizar o ensino pelo aprofundamento da aprendizagem na qual os alunos sejam os principais agentes; oferecer oportunidades para que os alunos manifestem sua criatividade em pequenas propostas de estudo interdisciplinar, possibilitando-lhes, assim, conhecer melhor, o mundo em que vivem; formar seus próprios conceitos e juízos sobre as coisas assumir atitudes de responsabilidade; agir cooperativamente; interagir com os outros.

Não resta a menor dúvida que para se implantar esta nova proposta, será preciso uma conscientização do verdadeiro papel do educador, as condições oferecidas pela escola, que devem está embasadas de suporte teórico e metodológico.

6 CONSIDERAÇÕES

Para tanto, se torna mister a qualquer escola, seja privada ou pública ao pretender trabalhar com essa proposta, observar os seguintes passos:
1 – Inserir esta proposta no seu Projeto Político Pedagógico. (fundamentação legal).
2 – Trabalhar anteriormente a implantação da proposta com a Pedagogia de Projetos. (que facilitará um maior entendimento da mesma.).
3 – Qualificar professores que tenham disposição e vontade de trabalhar com métodos renovados, que estejam dispostos a quebrar paradigmas educacionais.
4 – Promover estudos sistêmicos na escola, abordando sempre o objetivo da proposta (Fundamentação teórica).
5 – Organizar horários para que os educadores possam orientar os educandos na estrutura metodológica do projeto cientifico. (adequando a linguagem dos alunos de acordo com a faixa etária.).
6 - Acompanhamento das ações pelos educadores durante a realização do projeto. (construção do pré-projeto, diários de bordo, sistematização do banner e da monografia)
7 – Divulgação dos projetos investigativos dos alunos.(não tão somente em sala de aula, mas em mostra de ciências) que servirão como socialização de novos conhecimentos e incentivo aos futuros pesquisadores.
Porém esses são apenas alguns passos que foram seguidos por esta Escola, que podem diversificar de acordo com cada realidade institucional.

REFERÊNCIAS

COOL, César. Psicologia e currículo. Uma apreciação psicopedagógica à elaboração do currículo escolar. São Paulo: Ática, 1996.

DELORS, Jaques. Educação: um tesouro a descobrir, 2 ed. São Paulo: Cortez, 1999.

GADOTTI, Moacir. História das idéias pedagógicas. 8 ed. São Paulo,:Ática, 2002.
PCN – Parâmetros Curriculares Nacionais v.1 Brasil, MEC.

GIMENO SACRISTÁN, Jose. Currículo: os conteúdos do ensino ou uma análise da prática? In: Gimeno Sacristan, J. e Pérez Gomes, A. I. Compreender e transformar o ensino. 4ª ed. Porto Alegre: Artmed, 1998. P. 119-148.

LIBÂNEO, José Carlos. Organização e Gestão da Escola: teoria e prática. 5 ed. Goiânia: ed. Alternativa, 2004.

MARTINS, Jorge Santos. O trabalho com projetos de pesquisa. São Paulo: Papirus, 2001.

SANTOMÉ, Jurjo Torres, Globalização e interdisciplinaridade: o currículo integrado. Porto Alegre. Artes Médicas. 1998.

SEVERINO, Antonio Joaquim. Filosofia. São Paulo: Cortes, 1992.

TYLER, Ralph. Princípios Básicos de Currículo e Ensino. Porto Alegre: Globo, 1974.